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MÚSICA / videogalería

Os discos natalinos, em 10 canções clássicas e heterodoxas

Desde ‘Natal Branco’, de Irving Berlin, gênero é tentador para os artistas

Frank Sinatra e Bing Crosby.
Frank Sinatra e Bing Crosby.

Os álbuns natalinos são tradicionalmente coisa para músicos e intérpretes anglo-saxões. Bing Crosby deu o pontapé inicial desse gênero em 1945, com o disco Merry Christmas, no qual estava incluída a canção White Christmas (natal branco), de autoria de Irving Berlin. Desde então, a canção não parou de viajar, e muitos intérpretes, quando chega esta época do ano, não resistem a continuar sonhando com um Natal alvo e radioso.

Prova da fertilidade desse gênero é o fato de ele sempre registrar novidades, e o músico italiano Mario Biondi, um cruzamento de crooner e soulman de pista de dança, está entre os últimos a se incorporarem, com o lançamento de seu álbum A Very Especial Mario Christmas, centrifugando os clássicos natalinos. O mesmo pode ser dito de Motown Christmas. Há 40 anos, o selo de Detroit lançou A Motown Christmas, disco que estaria destinado a se tornar um clássico, a exemplo de outro álbum, A Christmas Gift For You, produzido por sua majestade, Mr. The Wall of Sound, Phil Spector. Aquele trabalho, editado num país em choque pelo assassinato de Kennedy, seria recebido com frieza, e só alguns anos depois receberia o merecido reconhecimento. Seguindo os passos de A Motown Christmas, o produtor e músico Aaron Lindsey reuniu parte da fina flor do R&B e do gospel para Motown Christmas, e o resultado final não fica nada a dever ao antecessor pioneiro, que contava com as vozes do Marvin Gaye, Jackson 5, Stevie Wonder, The Supremes e outras pérolas sonoras da gravadora.

Enquanto grandes astros como Frank Sinatra, Barbra Streisand, Elvis Presley, Rosemary Clooney e Nat King Cole – para ficar em alguns poucos – fixavam o cânone do gênero natalino, outras correntes não deixavam de crescer e se reescrever. Pela ala jazzística, estão aí clássicos como os de Ella Fitzgerald (Ella Wishes You a Swinging Christmas), Oscar Peterson (An Oscar Peterson Christmas) e trabalhos mais recentes, como Christmas Songs, de Diana Krall, e o novo álbum do trompetista sardo Paolo Fresu, Jazzy Christmas, celebrando as tradições da Sardenha e os clássicos natalinos. Ainda nesse compartimento jazzístico, um lugar especial deve ser dedicado à trilha sonora Charlie Brown Christmas, a cargo do Vince Guaraldi Trio. No outro extremo do espectro sonoro, temos dois álbuns: Christmas in Soulsville, com pesos pesados como Otis Redding, Isaac Hayes e Booker T., e Funky Christmas, de The MGs e James Brown. Sem falar, obviamente, de Christmas in the Heart, de Bob Dylan.

Quando Simon & Garfunkel tiveram a ideia de misturar o tradicional Noite Feliz com as notícias da guerra do Vietnã (7 O’Clock News/Silent Night), a canção natalina perdeu parte da sua virgindade em troca de musculatura crítica. John Lennon, em Happy Christmas (War is Over), manteve a mensagem solidária e pacifista, e anos depois a série A Very Special Christmas irmanava para sempre a aliança entre pop, Natal e boas causas. Por enquanto, do ponto de vista gráfico, resta um mistério: por que as capas dos discos natalinos estão entre as mais feias da história da música?

A seguir, uma seleção de canções de temática natalina, filtradas pelos estilos mais diversos

Eartha Kitt, Santa Baby

Frank Sinatra & Bing Crosby, Jingle Bells

A televisão voltou a reunir num especial natalino dois artistas que já haviam contracenado no filme Alta Sociedade (Charles Walters, 1956). Sinatra e Crosby expunham sua arte e perfeccionismo na hora na hora de apresentar com todo seuswing a inexpressiva canção que é Jingle Bells. E ainda por cima degustando as excelências do ponche natalino.

Otis Redding, White Christmas

Na sempre difícil arte das versões, e ainda em se tratando de uma canção como White Christmas, certamente um dos temas mais interpretados da história da música, Otis Redding obteve pontuação máxima: fazer com que a canção voltasse a renascer como algo novo e a ser descoberto pelo ouvinte.

Judy Garland. Have yourself a little merry Christmas

Clássico por excelência de todo álbum de Natal é de Judy Garland por causa de sua estréia em sua comédia musical com notas agridoces, Agora Seremos Felizes (Vincente Minnelli, 1944). A actriz e cantora realiza uma poderosa e estilizada interpretação que com o passar do tempo se consolidou  como um dos grandes momentos musicais da estrela.

Nick Lowe. Christmas at the airport

Mais de um fã se chocou quando se anunciou o lançamento de um album de músicas do músico britânico, Quality Street. Loewe dava uma guinada no gênero, distanciando-se do kitsch tão irresistível e inseparável do produto para fazer o disco entrar nas melhores listas do ramo.

She and Him. Baby, It’s Cool Outside

Outro clássico e imprescindível em qualquer coletânea que se preze. Em sua criação, um dos grandes nomes da comédia musical e do espetáculo, Frank Loesser e entre as muitas versões, aqui o violonista Mr. Ward e a atriz e cantora Zooey Deschanel – o casal She and Him – , muito à vontade, cantam como se a música tivesse sido escrita para eles.

Bob Dylan. I Must be Santa

Esperando sua nova incursão no gênero das versões com seu futuro e próximo disco, Shadows in the Night, o álbum natalino do cantautor deixou mais de um fã de queixo caído, e não era para menos. O autor de Like a Rolling Stones cantando peças como The Little Drummer Boy ou The Christmas Song como se fosse um crooner de Las Vegas. Mas Dylan, como todo mundo sabe, sempre acaba sendo Dylan, por mais enfeites natalinos que se pendurem.

Harry Nilsson. Remember (Christmas)

Desaparecido prematuramente, Harry Nilsson transitou por gêneros e estilos bem diversos, folk-rock, pop, rock, bandas... No capítulo das grandes baladas, Remember (Christmas) merece figurar entre os maiores destaques de sua produção criativa. Quarenta anos depois, a canção é um clássico que vai além do Natal.

Simon and Garfunkel. Silent Night/7’Oclock News.

Em seu terceiro álbum, Parsley, Sage, Rosemary and Thyme, Simon and Garfunkel incluíram uma versão do tradicional Noite Feliz. Como contraponto às harmonias da dupla e a mensagem da canção natalina, a voz de um locutor vai dando as notícias de primeira hora da manhã onde se misturam Luther King e a morte do comediante Lenny Bruce, a guerra do Vietnã e os direitos civis.

Raphael. La Canción del Tamborilero.

Graças a Raphael a canção natalina alcançava a maioridade entre nós. A ponto de completar século – de sua publicação –, La Canción del Tamborilero passou a ser um de nossos clássicos – como os especiais natalinos do cantor– e por enquanto sem prazo de validade. Imprescindível como panetone.

 

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