_
_
_
_

México vive uma “tormenta política perfeita”

Especialistas discutem no think tank CSIS a situação do país após Iguala

Silvia Ayuso
Jornalistas e analistas políticos no CSIS em Washington.
Jornalistas e analistas políticos no CSIS em Washington.

O México vive uma “tormenta política perfeita” em que o caso dos 43 estudantes desaparecidos de Iguala parece ter sido a gota que exauriu a paciência de uma sociedade hoje em dia mais informada e com mais ferramentas, graças às redes sociais, para manifestar seu descontentamento e “mal-estar”. Jornalistas, analistas políticos e especialistas debateram na terça-feira no Centro de Estudos Estratégicos e Institucionais (CSIS) em Washington a situação enfrentada pelo Governo de Enrique Peña Nieto.

Mais informações
Uma nova polêmica imobiliária sacode o governo mexicano
México enfrenta um ‘dia negro’ com a queda da Bolsa, do peso e do petróleo
Popularidade de Peña Nieto cai ao completar dois anos na Presidência
A fragilidade do Estado no México, por Claudio Lomnitz-Adler

Na mesa de discussão coorganizada pelo EL PAÍS e pelo Clube de Imprensa foram expostas as crises políticas – de Iguala a escândalos de corrupção – que o Governo mexicano vive atualmente. Também foram analisadas a crescente incógnita econômica que o país enfrenta e a “incerteza” que ronda um futuro para o México no qual nem os partidos de oposição parecem ter sido capazes de reagir ou capitalizar o profundo descontentamento social.

Participaram do debate Jan Martínez Ahrens, correspondente chefe do EL PAÍS no México; o diretor do Human Rights Watch (HRW) para as Américas, José Miguel Vivanco; José Díaz Briseño, correspondente do MundoFox em Washington; Carl Meacham, diretor do programa americano do CSIS, e Muni Jensen, analista política do Clube de Imprensa, cujo diretor, Juan Carlos Iragorri, moderou o diálogo.

O diagnóstico foi unânime: o México está em plena “mudança de ciclo” de consequências ainda imprevisíveis, com uma “tormenta política perfeita” que ofuscou os esforços reformistas do Governo e está provocando uma “crise de confiança” nos políticos da qual nenhum partido está livre, resumiu Martínez Ahrens.

A impunidade é a regra, os poderosos não pagam, não prestam contas em matéria de direitos humanos, de corrupção José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da HRW

A grande pergunta é se tanto o Governo como a oposição serão capazes de responder a um problema “estrutural” que o país arrasta desde mandatos anteriores. E tudo isso de uma maneira capaz de convencer uma sociedade que se sente “muito pessimista” e que demonstra estar farta de uma problemática que vem de longe, com protestos cuja principal característica – e força – é sua transversalidade, enfatizaram os debatedores.

“O que a sociedade mexicana quer ver é algum tipo de prestação de contas efetiva”, indicou o jornalista Briseño.

Vivanco, cuja organização foi muito dura com o que considera uma resposta tardia da equipe de Peña Nieto a massacres como os de Iguala e Tlatlaya, apontou como um dos problemas centrais a falta de condenações pelos desaparecimentos forçados, uma mazela que aflige o país desde 2006. “A impunidade é a regra, os poderosos não pagam, não prestam contas em matéria de direitos humanos, de corrupção”, lamentou, ao mesmo tempo em que exigiu mudanças reais, e não medidas paliativas.

Algo que só ocorrerá se a sociedade mexicana continuar pressionando, frisou Martínez Ahrens. “Uma sociedade indignada obriga os governantes a mudar, a indignação é um motor de avanço”, afirmou.

Outro fator que poderia motivar uma reforma profunda das práticas da política mexicana que levaram à impunidade amplamente reinante no país diante de atrocidades como Iguala é a pressão internacional, a começar pelo poderoso vizinho do México, os Estados Unidos. Washington “precisa envolver-se de maneira um pouco mais explícita”, afirmou Meacham, do CSIS.

“É preciso haver pressão internacional, o governo de Peña Nieto é muito sensível à pressão internacional dos Estados Unidos, da Europa", concordou Vivanco, para quem o próximo encontro entre Peña Nieto e Barack Obama, em 6 de janeiro na Casa Branca, constitui a plataforma perfeita para isso.

“Peña Nieto se ressente da má imagem que tem hoje e isso precisa ser capitalizado em uma pressão internacional que resulte em reformas", defendeu.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_