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Popularidade de Peña Nieto cai ao completar dois anos na Presidência

Presidente mexicano enfrenta os piores níveis de aprovação de seu mandato

Protestos na Cidade do México. / Foto: Efe | Vídeo: ATLASFoto: atlas
Paula Chouza

Atingido pela crise de Iguala e pelo estancamento da economia mexicana, o presidente Enrique Peña Nieto enfrenta os níveis mais baixos de aprovação ao completar dois anos de mandato. Coincidindo com o aniversário, na segunda-feira, três pesquisas divulgadas em meios de comunicação nacionais de diferentes orientações políticas refletem um descontentamento com sua atuação próximo dos 60%.

O jornal Reforma destaca em sua sondagem um colapso da aprovação de Peña Nieto de 50% para 39% nos últimos quatro meses. Trata-se do nível de popularidade mais baixo já registrado por um presidente mexicano desde 1995, no início do governo de Ernesto Zedillo, em meio a uma grave crise econômica.

Segundo o diário, a reprovação à gestão de Peña Nieto cresceu de 46% em agosto para 58% atualmente. No início do mandato, seu índice rejeição junto à população era de 30%, e agora praticamente duplicou.

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Um total de 81% dos entrevistados classificou como “muito ruim” ou “ruim” a atuação do presidente no combate à violência. O mesmo foi dito por 72% das pessoas em relação aos esforços do líder para erradicar a corrupção, enquanto entre 9% e 13% consideraram a administração dessas áreas “boa” ou “muito boa”, respectivamente.

A pesquisa do jornal El Universal apresenta uma tendência semelhante, apesar de trazer números diferentes. O instituto Buendía & Laredo, responsável pelo estudo, mostra uma queda da aprovação ao governo de Peña Nieto de 46% para 41% no último quadrimestre, assim como um aumento da reprovação de 45% para 50% no mesmo período. Em comparação com o que tinha um ano atrás, o presidente caiu nove pontos em seu nível de aprovação.

Cerca de 54% da população acredita que o Governo de Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), está em seu pior momento, enquanto outros 22% consideram que é a melhor fase desde o início de seus seis anos de mandato. Um total de 52% crie que o país “vai por um caminho ruim” ou “muito ruim” – 19 pontos percentuais a mais do que quando ele assumiu a Presidência. Para 10% dos entrevistados, a maneira como Peña Nieto lidou com a crise gerada pelo desaparecimento dos 43 estudantes em Iguala foi o pior que ele fez até o momento, enquanto o melhor seria a série de reformas estruturais e de apoios à terceira idade (5%).

O jornal Excelsior destaca que 60% dos entrevistados se mostram insatisfeitos com a maneira de governar do presidente, contra 36% que o aprovam. O descontentamento se sustenta principalmente na persistência dos problemas econômicos, da insegurança e da violência, ressalta o diário. A atuação do mandatário em questões como o controle da alta dos preços, a economia, a criação de empregos, o combate à corrupção de funcionários públicos e a pobreza geram as maiores críticas entre os indivíduos pesquisados. As ações mais aplaudidas são a prisão da líder sindical Elba Esther Gordillo, em fevereiro de 2013, a captura do traficante El Chapo Guzmán, um ano depois, o programa para reduzir a desnutrição – a cruzada contra a fome – e a estratégia federal contra o crime organizado no Estado de Michoacán, lançada no início deste ano após a escalada de violência na região.

Novos distúrbios em uma marcha na capital

Milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades do México para protestar pelo desaparecimento de 43 estudantes de magistério na segunda-feira, aniversário de dois anos da posse do presidente Enrique Peña Nieto.

"Queremos dizer a Peña Nieto que ele não é Ayotzinapa. Ayotzinapa somos nós e todos aqueles que nos apoiaram onde quer que tenhamos parado e que tenham nos brindado com solidariedade", afirmou um estudante da escola normal rural de Ayotzinapa em uma reunião em um dos pontos mais movimentados da capital mexicana. Na última quinta-feira, o presidente incluiu o lema ("Somos todos Ayotzinapa) no discurso no qual anunciou dez medidas para melhorar a segurança do país, pressionado pela crise em Iguala.

Por volta das 19h (23h em Brasília), a marcha se tornou violenta. Caixas automáticos, várias lojas e hotéis do Paseo de la Reforma, no centro, sofreram ataques por parte de um grupo de anarquistas de rostos cobertos. Depois de a polícia cercar vários grupos de pessoas, membros da Comissão Nacional de Direitos Humanos mediaram o diálogo com os soldados para evitar confusões e permitir a passagem dos manifestantes pacíficos.

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