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Morte digna

Morre Brittany Maynard, a jovem com câncer que planejou a própria morte

A mulher de 29 anos se suicidou legalmente nos EUA para evitar avanço da doença

Pablo Ximénez de Sandoval

Brittany Maynard, de 29 anos, colocou fim à própria vida de forma voluntária e legal no último sábado, para evitar sofrer uma morte lenta devorada por um câncer terminal no cérebro. A morte foi anunciada primeiro em uma mensagem na rede Facebook citada pela revista People. Sean Crowley, porta-voz da organização Compasion&Choices , com a qual ela iniciou uma campanha neste verão para promover as leis de morte digna, confirmou no domingo em um comunicado que a mulher faleceu no sábado, 1o de novembro, “como queria, em paz em seu quarto, em braços de seus entes queridos”.

“Adeus a todos os meus queridos amigos e familiares que amo. Hoje é o dia que escolhi para morrer com dignidade, enfrentando minha doença terminal, esse terrível câncer no cérebro que tirou tanto de mim... mas me tiraria muito mais”, disse a mensagem. “O mundo é um lugar bonito, viajar foi minha melhor escola, meus amigos mais próximos e minha família foram muito generosos. Inclusive tenho um círculo de apoio em volta da minha cama enquanto escrevo... Adeus mundo”.

Adeus a todos os meus queridos amigos e familiares que tanto amo. Hoje é o dia que escolhi para morrer com dignidade

Maynard emocionou milhares de pessoas em agosto passado quando começou uma campanha para estimular as leis de morte digna e suicídio assistido nos Estados Unidos. Residente em Oakland, Califórnia, teve de se mudar para Portland, no estado vizinho do Oregon, para poder se suicidar com assistência médica, já que esse é um dos cinco estados do país que regulam essa prática. A jovem se mudou para lá com a família para poder receber legalmente, por sua própria vontade, uma receita médica de drogas que acabaram com sua vida. A decisão de tornar o processo público tem como objetivo ampliar essa possibilidade a todo o país.

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A lei de morte digna do Oregon entrou em vigor em 1997. Desde então até janeiro deste ano, quase 1.200 pessoas receberam os medicamentos para tirar a vida. Delas, mais de 750 os utilizaram. A idade média desses pacientes é de 71 anos, segundo dados oficiais, e a causa mais comumente citada para solicitar o suicídio assistido é a perda da autonomia pessoal.

A campanha, difundida pela organização Compassion&Choices, foi formada por vários vídeos nos quais Maynard contava sua evolução desde que em 1º de janeiro deste ano foi diagnosticado um glioblastoma, uma forma de câncer no cérebro agressivo e incurável. Os médicos lhe disseram que não viveria mais um ano. Tinha se casado em 2012 e estava tentando engravidar. Maynard dizia sentir-se debilitada e deformada pelos tratamentos contra o câncer. Em abril cancelou todos os planos e colocou uma data para morrer sem sofrimento. Em junho se mudou para Oregon com a família para conseguir. Era filha única.

Maynard anunciou a data de sua morte no primeiro vídeo da campanha. Disse que se suicidaria em 1o de novembro rodeada de sua família. Em sua lista de coisas a fazer antes da data estava visitar o Grand Cânion do Colorado e comemorar o aniversário do marido, na semana passada. Em 21 de outubro publicou suas fotos no Parque Nacional do Grand Cânion. Na quinta-feira passada, em um vídeo publicado apenas dois dias antes da data escolhida, Maynard expressou suas dúvidas. Sentia-se bem para continuar vivendo, dizia, e deixava a porta aberta para postergar sua decisão, mas ao mesmo tempo tinha consciência de que algum dia não seria capaz de tomá-la.

A página da web da campanha já não mostrava na tarde de domingo nenhuma nova mensagem de Brittany Maynard, exceto um obituário. Começa com esta frase: “Um dia, sua vida passará em um instante diante de seus olhos. Garanta que vale a pena vê-la”.

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