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CORRUPÇÃO NA ESPANHA

Premiê espanhol pede perdão pela corrupção

O conservador Mariano Rajoy pede desculpas por casos de propinas e financiamento ilegal: “Entendo e compartilho a indignação”

Foto: atlas | Vídeo: CLAUDIO ÁLVAREZ/ ATLAS
Carlos E. Cué

Pela segunda vez desde que assumiu o cargo de presidente do Governo (primeiro-ministro) espanhol, Mariano Rajoy pediu desculpas no Senado pelos casos de corrupção que afetam o seu partido. A primeira vez havia sido há mais de um ano, em agosto de 2013, por causa do chamado caso Bárcenas, relacionado às atividades ilegais e pagamento de comissões do tesoureiro do seu partido. Agora, Rajoy – pressionado por todos os partidos, inclusive o seu próprio, o Partido Popular (PP) – se viu obrigado a se desculpar em nome da sua legenda. Ele decidiu pedir perdão no mesmo dia em que um ex-secretário-geral do PP prestou depoimento judicial por um suposto caixa-dois da agremiação e 24 horas depois de diversos políticos do partido serem presos em uma grande operação contra a corrupção. “Em nome do PP, quero pedir desculpas a todos os espanhóis por ter colocado em cargos dos quais não eram dignos pessoas que aparentemente abusaram desses cargos”, assegurou o chefe do Executivo na Câmara Alta.

Rajoy, portanto, pediu desculpas em nome do PP por ter apoiado os implicados, um comportamento nada habitual em se tratando dele, mas eximiu o partido de responsabilidade pelo comportamento de prefeitos filiados. O premiê enfatizou que na chamada Operação Púnica, realizada na segunda-feira, não havia suspeitas de financiamento político irregular, e sim crimes decorrentes da “cobiça pessoal dos ocupantes de cargos públicos, e não das organizações às quais pertencem".

O presidente do Governo também defendeu a atuação dos políticos honestos. “Esses comportamentos [corruptos] difundem uma suspeita generalizada”, afirmou, “mas essa mancha suja injustamente a imagem e a reputação da maioria das pessoas dos partidos”.

Rajoy pediu aos espanhóis que confiem no Estado de Direito, já que os novos casos de corrupção só foram revelados porque a Justiça e as instituições “funcionam”. Ele também reiterou que seu compromisso com “a limpeza da vida pública é total”.

Nesse sentido, o primeiro-ministro antecipou que o Governo aprovará medidas anticorrupção, mesmo que o PP precise agir sozinho.

“A democracia não pode permitir que ninguém brinque com a confiança depositada nos políticos. Por isso vamos aprovar as duas medidas anticorrupção pendentes, o quanto antes: o Estatuto do alto cargo e a lei do controle da atividade econômica e financeira dos partidos”, declarou. “Se for com o consenso da oposição, melhor; mas, se não for assim, aprovaremos as medidas anticorrupção com os votos do PP”, anunciou.

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) descartou na terça-feira um pacto global com o partido governista acerca da corrupção. “Não houve, não há nem haverá um pacto com o PP”, disse de forma contundente o secretário de Organização da oposição socialista, César Luena. O PSOE vem mantendo um intenso diálogo com o PP na busca por um acordo [não alcançado] envolvendo uma lista de leis contra a corrupção política.

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