Dilma enaltece seus programas e Aécio diz que encarna a mudança
Mais ponderados, candidatos debatem assuntos previsíveis, como Petrobras e inflação, mas tentam se diferenciar nos detalhes. A petista, com o foco na inclusão, e o tucano, na eficiência
Depois da agressividade que marcou o último encontro, Dilma Rousseff e Aécio Neves apareceram mais ponderados no terceiro debate do segundo turno, que foi transmitido neste domingo pela Rede Record. A apenas uma semana das eleições, os candidatos retomaram o eixo, depois do belicismo da última quinta-feira, uma postura negativa que foi duramente criticada pelos eleitores.
Mais calmos, escolheram temas previsíveis, como a corrupção na Petrobras, a inflação persistente, e os problemas em saúde e educação, o que, para muitos telespectadores, tornou o encontro mais morno. Porém, quem não piscou na frente da TV pôde ler nas entrelinhas as diferenças que ambos quiseram marcar. Enquanto Dilma procurou enaltecer o caráter inclusivo dos seus programas, como o Bolsa Família ou o programa habitacional Minha Casa Minha Vida, Aécio procurou reforçar que manterá os programas, porém, com mais eficiência.
Ao menos duas vezes Aécio procurou se diferenciar com promessas sobre projetos que foram iniciados durante as gestões do PT. Uma delas foi a valorização do salário mínimo, um projeto do governo Lula que foi fundamental para garantir o ganho de renda dos trabalhadores, e que também garantiu a melhora da desigualdade social. “Sou muito fiel aos trabalhadores”, disse. “Se eleito, quero garantir reajuste de salário mínimo até 2019”, afirmou.
Em outro momento, Aécio afirmou que vai valorizar os bancos públicos, como a Caixa e o Banco do Brasil. O recado era uma resposta aos ataques da campanha do PT, que vinha questionando as ideias propagadas pelos tucanos de rever o papel dos bancos estatais. “Sem eles, não há investimento de longo prazo, não há Minha Casa Minha Vida”, lembrou Dilma. Aécio, porém, disse apenas que vai eliminar as indicações políticas para os bancos e que já havia gravado uma mensagem para os funcionários dos bancos públicos, dizendo que eles serão fortalecidos e profissionalizados.
A Petrobras também tomou parte importante do debate, primeiro pelas denúncias de corrupção que têm vindo à público com a delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa, e também pela gestão para valorizar a companhia. Aécio questionou a “governança” da empresa, com as notícias sobre desvios de recursos. “Por que em todos esses anos não se tomou nenhuma providência sobre os atos de corrupção”, questionou ele, que perguntou ainda se o tesoureiro do PT, José Vaccari Neto, que é conselheiro de Itaipu, vai continuar no cargo, depois de ter sido apontado como o elo entre a estatal e o partido para desviar recursos de projetos da Petrobras.
Dilma respondeu que demitiu Paulo Roberto e que em seu governo os casos de corrupção são investigados. “Fico estarrecida de o senhor falar em governança, com uma lista imensa de escândalos não investigados [no governo de Fernando Henrique Cardoso e do governo tucano de São Paulo]”, disse ela.
A economia em marcha lenta também foi levada ao debate por Aécio. “Por que empregos industriais foram embora do Brasil? Há desemprego na indústria diariamente”, reclamou. Dilma lembrou que a taxa de desemprego do seu emprego é de 5%. Aécio voltou à carga, perguntando por que sua rival sempre dizia que a inflação estava sob controle, quando não está. “Ela está controlada e isso é inequívoco. Algumas vezes há oscilações, mas os preços voltam”, devolveu Dilma.
A petista aproveitou para indagar o adversário sobre a sua meta de reduzir de 6,5% para 3% a meta de inflação. “Eu me preocupo com sua meta de 3%. O senhor vai aumentar juro e isso aumenta desemprego para 15%. A quem serve isso? O cozinheiro é o mesmo – Armínio Fraga. A receita que gera recessão, recessão, recessão”, provocou Dilma, citando o ex-presidente do Banco Central de Fernando Henrique, que pode ser o ministro da Fazenda, caso o tucano seja eleito.
No final do encontro, Dilma tentou fixar no eleitor que as melhorias dos últimos anos são fruto de um planejamento que visou a inclusão. “O Brasil mudou porque o país tomou providências para criar oportunidades. Você cresceu porque o Brasil mudou”, disse ela. Aécio, por outro lado, manteve a tática de capitalizar o sentimento anti-PT, ao dizer que encarna a mudança. “Assumo a responsabilidade de conduzir as mudanças com responsabilidade”, afirmou. Nesta segunda, uma nova pesquisa eleitoral deve captar o sentimento dos eleitores depois destes dois encontros.
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