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Uma enfermeira dos Estados Unidos testa positivo para o ebola

Ela atendeu o paciente do Texas, morto na semana passada pelo vírus

Silvia Ayuso
Prefeito de Dallas, Mike Rawlings, conversa com vizinhos da funcionária.
Prefeito de Dallas, Mike Rawlings, conversa com vizinhos da funcionária. LM Otero (AP)

Um exame preliminar de uma profissional da área da saúde de Dallas deu positivo para o ebola, informaram no domingo autoridades do setor no Texas. Se os resultados forem confirmados, algo que é visto como quase certeza, será o segundo caso de ebola diagnosticado nos Estados Unidos, mas o primeiro que foi contraído no país.

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Apesar de a identidade do novo caso suspeito não ter sido revelada, a CNN afirmou que é uma enfermeira. As autoridades apenas confirmaram que se trata de um funcionário do Hospital Presbiteriano do Texas e tratou o liberiano Thomas Eric Duncan, de 42 anos, o primeiro caso de ebola diagnosticado nos Estados Unidos e que morreu neste mesmo hospital na quarta-feira passada. Não fazia parte, entretanto, do grupo de 48 pessoas que estavam sendo monitoradas de perto desde que se soube do diagnóstico de Duncan. Delas, só se conhece a identidade da noiva do morto, Louise Troh, que permanece isolada em uma casa junto a um de seus filhos e dois jovens que compartilhavam o apartamento onde Duncan viveu antes de ficar doente e que, por isso, estiveram mais expostos ao vírus, ainda que não tenham desenvolvido sintomas até o momento.

Outra pessoa que teve "estreito contato" com mulher infectada permanece também em isolamento de forma preventiva, disse o hospital em um comunicado.

O Centro de Controle e Prevenção de Enfermidades (CDC) prevê concluir neste mesmo domingo o segundo teste que confirme o diagnóstico, mas as autoridades locais disseram ter segurança de que se trata de ebola. Sobre as críticas recebidas no caso de Duncan pela demora no diagnóstico e a lentidão também com que a casa dele foi desinfetada, os responsáveis locais e médicos se esforçaram neste domingo em enviar uma mensagem de calma, afirmando em uma coletiva de imprensa em Dallas que era prevista a possibilidade de um contágio e que por isso se estabeleceu um rígido protocolo de resposta que foi seguido rapidamente.

Possível ruptura do protocolo

Ainda assim, o diretor do CDC, Thomas Frieden, disse em uma coletiva de imprensa que há uma “grande preocupação” porque houve o contágio de um dos trabalhadores da equipe médica, que usou a todo momento o equipamento de proteção para tratar de Duncan, o que significa que houve uma “ruptura do protocolo” de segurança no hospital.

"Não sabemos o que ocorreu durante o cuidado do primeiro paciente, mas em algum momento houve uma ruptura de protocolo que levou a essa infecção", ressaltou Frieden. Por isso, o CDC vai realizar uma "investigação completa do que aconteceu antes de (os cuidadores) entrarem na unidade isolada, durante o período que ficaram lá e depois, quando tiraram a roupa protetora, porque as infecções só acontecem quando se rompe o protocolo”, anunciou ele.

Além disso, por causa desse caso, se considera que todos os funcionários que cuidaram do primeiro doente de ebola “foram potencialmente expostos” e serão monitorados mais de perto. Segundo Frieden, ainda se determina quantos “podem ter tido o contato (com Duncan) que possa ter acabado em uma ruptura do protocolo e em uma possível contaminação”.

No caso concreto da nova contagiada, que teve um "contato prolongado" com ele, no momento de sua internação o nível de vírus em seu organismo era "baixo", disse Frieden.

O Hospital Presbiteriano de Texas assegurou que tanto a nova paciente como o resto dos trabalhadores do hospital que cuidaram da primeira vítima de ebola seguiram a todo momento as medidas de precaução estabelecidas pelo CDC, entre elas a de tomar a temperatura duas vezes ao dia.

Reação e informação

A trabalhadora agora infectada notificou o hospital depois de constatar na noite da sexta-feira que tinha “febre baixa”. Desde o aviso até o momento em que foi internada em uma unidade de isolamento só “se passaram 90 minutos”, disse o médico Dan Varga, do Hospital Presbiteriano. A paciente está “estável”, assegurou o especialista.

Por outro lado, depois de se descobrir na noite de sábado que os testes preliminares eram positivos, as autoridades locais agiram rapidamente para descontaminar todos os possíveis focos, assegurou o prefeito de Dallas, Mike Rawlings.

Uma equipe especializada no tratamento de materiais perigosos do Corpo de Bombeiros de Dallas se deslocou até o complexo de apartamentos onde vive a segunda vítima do ebola e limpou e descontaminou todas as áreas abertas e zonas comuns. Ao mesmo tempo, uma equipe encarregou-se de bater “em todas as portas” do bloco para informar da situação aos vizinhos imediatos, um processo que segundo o prefeito se repetirá neste domingo para se assegurar de que ninguém na comunidade desconheça o que está acontecendo e as medidas adotadas.

As autoridades também dispuseram um número de telefone para que vizinhos dos blocos que rodeiam o complexo de apartamentos afetado possam ligar e também distribuíram panfletos informativos na área. E agentes da polícia fazem a segurança para que ninguém entre no apartamento afetado, que será descontaminado ao longo do dia.

Segundo Rawlings, no apartamento poderia haver um animal de estimação. O prefeito disse que não acredita que ele apresente sinais de contágio e afirmou que se atuará ao longo do dia, mas não revelou que planos existem para o animal. A equipe especializada também descontaminou e isolou o veículo que levou a paciente ao hospital, bem como o corrimão e outras partes do estacionamento que a vítima pudesse ter tocado.

“Tínhamos este plano pronto desde a semana passada. Por isso, quando recebemos o telefonema, implementamos o plano durante a noite para que quando as pessoas acordassem soubessem que estão seguras”, ressaltou o prefeito.

Sua insistência é uma mostra do nervosismo que reina em Dallas depois das críticas que receberam o hospital e as autoridades locais no caso de Duncan, que foi mandado para casa depois de sua primeira visita ao hospital apesar de ter apresentado febre e dores abdominais e de ter revelado que tinha estado recentemente na África Ocidental, foco da epidemia. Além disso, houve uma demora de vários dias para se desinfetar o apartamento onde ele permaneceu antes de ser diagnosticado e isolado.

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