Sequestro em um hotel provoca tensão em Brasília
Um homem armado manteve um mensageiro refém por sete horas para pedir a renúncia de Dilma e outras demandas pouco claras

Brasília respira aliviada depois de acompanhar ao vivo sete horas de sequestro em um hotel na capital. O único refém, um mensageiro do estabelecimento, foi liberado por volta das 16h pelo sequestrador, que amarrou um cinto com o que dizia ser dinamite na cintura do rapaz, e ameaçou explodir o local caso não fossem atendidas demandas pouco claras, como a renúncia da presidenta Dilma Rousseff (PT). O homem armado, após liberar o funcionário, que foi levado em estado de choque ao hospital, se entregou à polícia. O sequestrador usou uma arma de mentira na ação e se encontra detido no 5º Distrito Policial de Brasília.
Segundo o delegado Paulo Henrique Almeida, da Divisão de Comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal, o sequestro foi premeditado. Em entrevista coletiva aos jornalistas que acompanharam o desenlace, esclareceu que o refém demorou para ser liberado porque o sequestrador não sabia dizer exatamente o que queria. "A falta de uma demanda concreta dificultou a negociação", disse.
O suspeito, Jac Souza dos Santos, de 30 anos, entrou no hotel St. Peter, próximo à Esplanada dos Ministérios, por volta das 6h, como hóspede. Por volta das 9h, ele fez uma camareira refém, mas depois trocou a mulher pelo mensageiro, no qual amarrou o colete com a suposta dinamite. Segundo testemunhas, ele teria batido na porta dos quartos se dizendo terrorista e pedindo para as pessoas abandonarem o hotel.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública do DF, que primeiramente afirmou ter "98% de certeza" de que a dinamite era um artefato explosivo, afirmou depois que era falsa. A polícia chegou a posicionar atiradores nas proximidades do hotel.
Segundo o portal G1, o delegado afirmou ainda que o sequestrador deu um prazo de menos de seis horas para que suas exigências fossem atendidas. O hotel de 400 quartos foi completamente evacuado.
Além da saída da presidenta, o homem pedia ainda a aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa (que impede que políticos condenados em tribunais sejam candidatos e que será aplicada na totalidade pela primeira vez nessas eleições) e a extradição do italiano Cesare Batisti (ex-ativista acusado de assassinato na Itália).
Santos é ex-secretário de agricultura do município de Combinado, no Tocantins. Ele atuou no órgão entre 2009 e 2012 na gestão do PP, segundo confirmou ao EL PAÍS a atual secretária de Administração da prefeitura, Maria Aparecida da Silva Souza. De acordo com ela, o filho de agricultores não tem histórico de violência conhecido, por isso a notícia causou surpresa. “Todo mundo ficou surpreso, a gente não acreditava que era ele”, disse ela, que confirmou a identidade dele ao ver fotos nos portais de notícia.