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A Itália ajuda a prender Pizzolato mas duvida da possibilidade de extraditá-lo

O ex-diretor do Banco do Brasil estava foragido e foi preso por usar um passaporte falso

Passaporte usado por Pizzolato, de seu irmão, Celso.
Passaporte usado por Pizzolato, de seu irmão, Celso.Interpol

Maranello é uma pacata cidade ao norte da Itália a 50km de Bolonha, um paese cuja vida está relacionada à fábrica da Ferrari, instalada no município nos anos 40. Este foi o local escolhido por Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, para se refugiar depois de escapar do Brasil em setembro do ano passado. Segundo meios locais, ele estava na casa de um sobrinho e com um passaporte italiano falso, de um irmão já falecido.

Pizzolato fugiu porque havia sido condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, o ex-diretor não pode ser extraditado para o Brasil e garante que tentar solicitar isso ao governo italiano é uma medida "inócua". O jornal italiano Il Fatto Quotidiano questiona a versão inicial da família, de que ele havia viajado com uma “carta de autorização” do consulado. E compara ao caso de Cesare Battisti, que foi condenado por terrorismo mas não foi extraditado porque o Brasil lhe concedeu asilo político. A preocupação, segundo o veículo, era de que o mesmo pudesse acontecer com Pizzolato, já que a lei da reciprocidade costuma valer nestes casos. No entanto, a Itália não é obrigada a extraditar seus cidadãos, apesar de ter colaborado na prisão do ex-diretor.

O mensalão vem comparado ao tangentopoli, o escândalo que decretou o fim do financiamento público de partidos nos anos 90 na Itália, e virou caso de polícia internacional quando a Interpol acionou os alarmes e criou um perfil de procurado ao ex-diretor. Pizzolato foi acusado de liberar irregularmente 73 milhões de reais da Visanet, repassados através da agência de publicidade de Marcos Valério, a DNA Propaganda. Em janeiro deste ano, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, um dos companheiros de partido mais próximos, César Costa Teixeira, conseguiu registrar provas em notário que supostamente revelam equívocos do Supremo Tribunal Federal na ação. Um dos fundadores do PT no Paraná, o mensaleiro era militante do partido desde o princípio. Antes de assumir a diretoria foi diretor da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil). Pizzolato é um dos 25 condenados no processo do mensalão e foi considerado foragido desde o dia 15 de novembro. A cidade de Maranello agora existe para os brasileiros, apesar de ser uma pequena localidade de 15.000 habitantes, não ter edifícios altos nem vida noturna agitada.

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