Cuba enviará equipe médica à África para combater o ebola
Nas próximas semanas, um grupo de médicos e enfermeiros viajará à Libéria, Guiné e Serra Leoa Equipe foi treinada com especialistas do Brasil e dos EUA
O Governo de Cuba anunciou na quinta-feira à noite sua intenção de enviar 461 médicos e enfermeiros ao oeste da África para ajudar no combate ao vírus do ebola, que já infectou mais de 6.200 pessoas, sendo que desse total quase a metade morreu. Os profissionais trabalharão em Serra Leoa, Libéria e Guiné.
Regla Angulo, diretora da Unidade Central de Colaboração Médica do ministério cubano de Saúde Pública, disse à rede de televisão local que um primeiro grupo de 165 médicos e enfermeiros viajará no começo de outubro para Serra Leoa. Os outros 296 chegarão depois à Libéria e Guiné, onde há brigadas de cooperação cubanas instaladas.
Atualmente, 4.000 médicos cubanos trabalham em 32 países
Segundo Angulo, esse grupo começou a ser treinado em 15 de setembro, com a ajuda de especialistas do Brasil e dos Estados Unidos, e da organização Médicos Sem Fronteiras, em acampamentos que simulam os existentes na África, que foram instalados nos pátios do Instituto de Medicina Tropical Pedro Kourí de Havana (IPK). Os meios de comunicação oficiais mostraram imagens de médicos e enfermeiros aprendendo a utilizar a roupa especial para evitar o contato com o vírus e manipular os instrumentos de um hospital provisório.
A primeira equipe está formada por 62 médicos e 103 enfermeiros, todos homens. “Todos vão a um centro de atendimento, onde o vírus do ebola está ou na comunidade ou em um centro de tratamento (...) e há um grupo de epidemiologistas que estarão trabalhando na busca de casos e contatos”, disse na terça-feira Jorge Pérez, diretor do IPK, acrescentando que o chefe da brigada médica, Jorge Delgado, já se encontra em Serra Leoa para decidir os locais para onde seus colegas serão enviados.
Mais de 6.200 pessoas foram infectadas pelo vírus e quase a metade morreu
Pérez também comentou a intensificação dos controles epidemiológicos nos portos, aeroportos e marinha de Cuba para detectar possíveis casos. Na véspera desse anúncio, Bruno Rodríguez Parrilla, ministro cubano de Relações Exteriores, destacou a necessidade de somar recursos para combater a epidemia durante sua intervenção na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. “Cuba decidiu enviar aos países afetados brigadas formadas por profissionais especializados em lidar com desastres e grandes epidemias, e aumentar sua colaboração com outros países da região não afetados onde existam colaboradores cubanos da área da saúde, com o objetivo de prevenção”, disse Rodríguez Parrilla.
De acordo com os números citados pelo chanceler, mais de 76.000 cubanos prestaram ajuda em 39 países da África durante os últimos 55 anos, e o país formou em suas universidades mais de 3.000 médicos do continente. Atualmente, cerca de 4.000 médicos e enfermeiros estão prestando serviço em 32 países.
O primeiro surto de ebola na África Ocidental foi identificado em março em Guiné-Conacri e desde então se espalhou pela Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal.
Serra Leoa é o país com o segundo maior registro de casos de contágio, totalizando 1.600 pacientes, dos quais mais de 500 morreram. A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu mais recursos para enfrentar a epidemia, que classificou como uma “emergência de saúde pública de alcance internacional”.
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