Parlamento catalão aprova a lei para convocação de consulta independentista
Artus Mas recebeu luz verde para a votação. O presidente do Governo da Catalunha criticou o presidente espanhol, Mariano Rajoy, dizendo que "votar nos une"
A rejeição da Escócia à independência não muda nem um pouco a agenda política catalã. Foi esse o recado dado pelo Governo e pelos partidos soberanistas da Catalunha na sexta-feira com a aprovação, no Parlamento, da lei de consultas que o presidente do Governo catalão, Artur Mas, utilizará para convocar o referendo sobre a independência de 9 de novembro.
O resultado da votação, com 78,5% dos deputados a favor da lei, é um incentivo ao plano de soberania, embora o Partido dos Socialistas da Catalunha tenha se esforçado em repetir que essa norma não pode amparar o referendo independentista. Através de poderosos alto-falantes, a sessão plenária foi acompanhada nos portões do Parlamento por mais de 500 pessoas convocadas pela Assembleia Nacional Catalã que, empunhando a bandeira da Catalunha, queriam mostrar seu apoio à lei e gritavam palavras de ordem como "votaremos" ou "não esmoreçam". Três bandeiras espanholas também foram exibidas entre as dezenas de independentistas.
Artur Mas foi aclamado com gritos de "president, president" ao chegar e sair da Câmara. Antes de entrar, ele se aproximou dos manifestantes tocando o próprio peito com quatro dedos (escondendo o polegar), simbolizando os quatro listras da bandeira catalã. Após a reunião, agradeceu.
"É um dia triste para a democracia", disse a líder do Partido Popular (conservador), Alicia Sánchez-Camacho, que foi vaiada. "O governo da Espanha vai garantir o Estado de direito."
Sua mensagem contrastou com a de Joana Ortega, vice-presidente do Governo catalão, que descreveu a sessão como "histórica" e ressaltou o consenso majoritário alcançado no Parlamento. A aprovação da lei encerra um ano de trabalho de uma comissão parlamentar.
O presidente catalão defende o referendo: “Votar une”
O presidente da Comunidade Autônoma da Catalunha, Artur Mas, assegurou nesta sexta que o referendo da Escócia "é o caminho, o bom caminho, o único caminho para resolver os conflitos". Em uma coletiva aos jornalistas, Mas defendeu que "votar não divide, votar une". E se apoiou na ampla participação no referendo da independência da Escócia (85%), no qual o "não" ganhou com 55% dos votos.
O discurso de Mas destacou que, enquanto o Governo de David Cameron optou por dar uma "saída democrática" às demandas escocesas de realizar uma consulta, o Executivo de Mariano Rajoy "só disse não a tudo". Por esta razão, o presidente catalão dirigiu-se diretamente a Rajoy com uma pergunta. "A Catalunha é menos que a Escócia? A Catalunha é menos nação e está menos mobilizada que a Escócia para decidir seu futuro?".
A Escócia foi uma "grande lição de democracia" a todo o mundo, insistiu Mas, que "agradeceu por mostrar o caminho a outros". "O que separa é não poder votar", repetiu, referindo-se diretamente ao Governo espanhol. "Veem que quando se permite votar também se pode ganhar?", acrescentou o presidente catalão, apontando que "todo mundo precisa aceitar o resultado" de um referendo deste tipo.
O presidente catalão repetiu muitas vezes que o "não" dos escoceses à independência não significa um retrocesso ao projeto de soberania. "O processo catalão continua e segue em frente". E deu mais uma mensagem ao Governo de Rajoy: "Cada vez que um não é dito em Madri, dispara ainda mais a aversão."
A tese do presidente catalão é que "a consulta em si é mais importante que a independência". Esta tese foi utilizada para rebater o argumento que ele mesmo usou na semana passada, quando disse que um 'sim' dos escoceses seria bom para o processo catalão, porque obrigaria a Comissão Europeia a procurar uma saída para a Escócia. "Neste sentido é um retrocesso, uma pena, mas isto não muda o mais importante, que é que os escoceses puderam votar", insistiu. Claro, admitiu que "preferiria o 'sim' ao 'não'" da Escócia.
O que Mas se negou a esclarecer é quando convocará a consulta. Apesar de que o Parlamento catalão aprovará nesta sexta-feira a lei de consultas, o presidente catalão não esclareceu quando assinará o decreto de convocatória. Tampouco quis responder a uma pergunta dos jornalistas sobre o caso Pujol com o argumento de que o encontro no momento era para falar sobre o referendo da Escócia e suas consequências.
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