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Saltos assassinos

A mostra ‘Killer Heels’ no Museu do Brooklyn é uma homenagem à ambição e à feminilidade

Walter Steiger. 'Unicorn Tayss', primavera de 2013. Cortesia de Walter Steiger.
Walter Steiger. 'Unicorn Tayss', primavera de 2013. Cortesia de Walter Steiger.Jay Zukerkorn

Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, pode sair de moletom porque tem coisas mais importantes para pensar, mas se uma mulher comparece de salto agulha a um encontro com investidores, depois surge no Twitter o hashtag #brainsnotrequired (não precisa de cérebro). Aconteceu em Nova York e causou um enorme rebuliço. O autor, Jorge Cortell, executivo-chefe da Katnerson Systems, disse que só queria denunciar como o acessório era insano, mas o que todos entenderam foi que o tamanho daqueles estiletes era inversamente proporcional ao do cérebro de sua dona. Contra esses preconceitos, o Museu do Brooklyn abre a mostra Killer Heels (Saltos Assassinos), uma homenagem à luxúria, ambição, dominação, feminilidade. Tudo cabe nos mais de 160 pares exibidos, menos uma mulher, porque os modelos de Louboutin, Iris van Herpen X United Nude, Manolo Blahnik e Noritaka Tatehana não estão feitos para caminhar.

Desde que a mulher arrancou os saltos do homem há três séculos, não houve acessório que aterrorizasse e hipnotizasse mais o sexo masculino. Lisa Allen, curadora da exposição, acredita que é o objeto mais cobiçado, insultado e temido porque remete ao poder. Elevam o corpo, mostram uma mulher dominadora. Não é pouco em um país que pode ter Hillary Clinton como sua primeira presidenta. “Se fosse mulher, usaria saltos”, disse o ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. Mas por que apenas as mulheres os usam e cada vez mais altos? Talvez para pisar naqueles que veem neles irracionalidade, frivolidade, ou provocação sexual. Killer Heels é uma tremenda desculpa para degustar esse “martírio consentido” entre mulheres e salto alto. “Não sei quem inventou o salto alto, mas nós mulheres lhe devemos muito”, disse Marilyn Monroe.

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