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Tensão no Chile por uma marcha peruana até a fronteira

A Associação Patriótica peruana pretende entrar no território chileno e pedir a soberania da região

Rocío Montes
O ministro de Exteriores peruano expõe o mapa fronteiriço
O ministro de Exteriores peruano expõe o mapa fronteiriçoEFE

A marcha convocada nesta quarta-feira pela Associação Patriótica peruana até a fronteira com o Chile, que pretendia entrar no chamado triângulo terrestre que o Peru reivindica como seu, transcorreu sem maiores incidentes: a polícia peruana impediu os cerca de 50 manifestantes de chegarem ao seu objetivo, após gestões do próprio ministro do Interior, Daniel Urresti, que chegou na manhã de hoje à cidade de Tacna para observar o avanço da manifestação e pedir prudência a seus compatriotas.

O anúncio da mobilização causou nova tensão na relação entre os governos de Michelle Bachelet e Ollanta Humala. “Ninguém pode entrar no território chileno sem autorização”, frisou na terça-feira o chanceler chileno, Heraldo Muñoz. Referindo-se às normas vigentes que implicam eventuais detenções, o secretário de Estado advertiu: “(Quem tentar cruzar) deverá assumir as consequências”.

A marcha do grupo nacionalista peruano ocorre justamente quando Santiago e Lima enfrentam um novo capítulo de desencontros no marco da implantação da sentença de janeiro da Corte Internacional de Justiça (CIJ). Na semana passada, o Governo do Peru apresentou um mapa cartográfico que coloca a fronteira terrestre em Punto de la Concordia. Para o Chile, o limite começa 260 metros para o norte, em Hito 1, e o triângulo terrestre – de aproximadamente quatro hectares – é de domínio chileno. A posição tomada por La Moneda (sede da Presidência da República do Chile) se sustenta no limite estabelecido no Tratado de 1929 e que o parecer de Haia não menciona o limite terrestre, o que faz o documento peruano exceder o limite colocado na sentença.

O Presidente Humala se referiu pela primeira vez nesta terça-feira sobre a mobilização e fez um pedido para diminuir a tensão: “Peço calma, reflexão e que confiem que estamos avançando para solucionar os problemas que podem existir na agenda bilateral”. Na segunda-feira, entretanto, seu chanceler Gonzalo Gutiérrez indicou que Lima respeita “as atividades e manifestações pacíficas, conforme o marco legal e regulamentar”. As declarações do ministro acenderam os alarmes das autoridades chilenas, que realizaram vários pedidos ao Governo de Humala para evitar a realização da marcha, e que os cidadãos não se aproximem nem tentem cruzar a fronteira. “Quero deixar claro que cruzar a fronteira é perigoso pois ainda não foram retiradas todas as minas explosivas”, declarou o ministro da Defesa chileno, Jorge Burgos.

O coordenador da marcha, Ciro Silva, reuniu-se de manhã em Tacna com cerca de 50 pessoas para começar a caminhada em direção ao controverso triângulo terrestre. Apesar da baixa adesão – os organizadores esperavam cerca de 1500 pessoas –, a Associação Patriótica pretendia cruzar a fronteira e realizar algumas atividades simbólicas, como sobrevoar a região em um avião Cessna e que dois paraquedistas desçam com bandeiras peruanas. Os manifestantes, entretanto, não conseguiram seu intento. O ministro do Interior peruano afirmou pouco antes: “Não será permitido o ingresso no triângulo terrestre por uma questão de segurança. O triângulo terrestre é peruano, o ponto de fronteira é o Punto Concordia, mas não há necessidade de ir a essa região minada para demonstrar patriotismo”, disse Urresti.

As autoridades chilenas haviam reforçado a segurança e advertido sobre eventuais detenções. O ex-presidente e atual senador democrata cristão, Eduardo Frei, referiu-se nesta quarta-feira ao mapa apresentado na semana passada pelo Peru e à manifestação: “Considero a atitude do governo e da Chancelaria peruana não apenas inamistosa, como também agressiva. É costume em nossos países da região, quando temos um problema interno, acabarmos atingindo o vizinho. Parece-me absolutamente inapropriado”, disse Frei.

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