Merkel decide ir a Kiev para dar impulso ao fim do conflito ucraniano
O ataque contra um comboio de civis ucranianos causa ao menos 17 mortes
A chanceler alemã, Angela Merkel, se dispõe a visitar a Ucrânia no sábado a convite do presidente Petro Poroshenko como parte de uma série de contatos diplomáticos para solucionar a crise bélica no leste desse país.
O anúncio coincide com a confirmação de que os presidentes russo e ucraniano irão no dia 26 a uma cúpula regional em Belarus da qual participarão, pela UE, José Durão Barroso (presidente da Comissão Europeia) e Catherine Ashton (chefa da diplomacia). Depois dos contatos diplomáticos patrocinados por Berlim no fim de semana, o conflito entre o Governo da Ucrânia e os rebeldes pró-Rússia parece entrar em uma fase de negociações mais profundas, apesar de nos últimos dias os civis estarem sofrendo alguns dos ataques mais sangrentos.
A cidade de Donetsk está sendo bombardeada por forças governamentais e se multiplicam as vítimas tanto em seu centro como em povoados nos arredores, como Makiivska. Na segunda-feira pelo menos 17 refugiados morreram em um comboio que fugia dos combates em Lugansk. É o que afirma o Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia (CSND), que culpa os separatistas pelo ataque. Os rebeldes negam e sustentam que o caminho pelo qual os refugiados fugiam de Lugansk é bombardeado constantemente pelas forças governamentais. Segundo o porta-voz do CSND, Andrei Lisenko, as vítimas são muitas, mas somente 17 cadáveres foram recuperados e seis feridos estão sendo tratados em hospitais. Os trabalhos de resgate tiveram de ser suspensos por causa dos combates na região entre as forças de Kiev e os rebeldes.
Lisenko afirmou que os rebeldes destruíram completamente o comboio, que ficou sob fogo de artilharia na zona de Khryashchuvate e Novosvitlivka. Segundo os ucranianos, muitas pessoas morreram queimadas nos veículos. Enquanto alguns separatistas culpam as forças governamentais pelo ataque, outros insinuam que ele não ocorreu e desafiam Kiev a apresentar provas. Por ora, o ataque não foi confirmado por fontes independentes nem foram publicadas fotos ou vídeos.
Marie Harf, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que Washington “condena firmemente” o ataque. “Estavam tentando escapar dos combates, mas lamentavelmente se transformaram em vítimas deles”, declarou Harf, que indicou que não poderiam confirmar que forças tinham realizado o ataque letal.
Na visita de Merkel, que representa um respaldo ao Governo de Poroshenko, “vão conversar sobre a situação na Ucrânia e a relação com a Rússia. E também serão discutidas formas concretas de apoio à Ucrânia na crise atual”, assinala o Governo alemão. O porta-voz da chanceler, Steffen Seibert, antecipou que Merkel deseja falar em Kiev sobre “possibilidades concretas para apoiar a Ucrânia na crise”.
Segundo a assessoria de imprensa de Poroshenko, o presidente tinha prometido a Merkel continuar com as negociações de Berlim, as quais foram concluídas sem o esperado compromisso de um cessar-fogo sustentável. Mas fontes próximas a Merkel admitiram que um dos assuntos que seria mencionado em Kiev seria o desejo da Ucrânia de obter ajuda militar do Ocidente e buscar um caminho para o regresso de observadores da OSCE ao leste do país.
O Ocidente acusa a Rússia de desestabilizar a situação nas regiões do leste do país, e por isso introduziu sanções econômicas contra Moscou. O governo russo respondeu com a proibição de importação de pescado, hortaliças e frutas de países que se uniram às medidas punitivas e, como reconheceu nesta terça-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, está elaborando uma lista de novas contramedidas para o caso de os Estados Unidos e a União Europeia optarem por introduzir novas sanções.
“Estão sendo estudadas diversas alternativas. Repetimos em diversas ocasiões que a Rússia não é partidária de falar na linguagem de sanções e que não foi quem começou. Mas estão sendo elaboradas medidas adicionais para o caso de que nossos parceiros continuem com essa destrutiva prática”, declarou Peslov, que se negou a especificar as medidas. Entre elas se destacam a proibição dos voos em trânsito sobre o território russo – rota utilizada pelas companhias aéreas europeias em suas viagens para a Ásia – e a limitação ou proibição das importações de carros.
A Rússia pediu que se exija do governo ucraniano que entregue as gravações dos controladores aéreos que conduziram o avião malasiano às áreas do leste da Ucrânia onde havia combates, e sobre as quais ele foi derrubado em 17 de julho. Foi o que disse Vitali Churkin, o representante russo na ONU, acrescentando que também pediu ao secretariado que informe ao Conselho de Segurança como vão as investigações da tragédia. O Kremlin, que foi acusado de envolvimento na derrubada do Boeing e que desde o início tem negado isso, afirma estar interessado em uma investigação independente.
Enquanto isso, o comboio russo de ajuda humanitária continua sem poder cruzar a fronteira ucraniana, aparentemente à espera de que a Cruz Vermelha Internacional obtenha das partes em conflito garantias para a segurança de seus funcionários.
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