Israel e o Hamas retomam as negociações enquanto continua a trégua em Gaza
Quatro palestinos feridos chegam a Turquia para serem atendidos
O primeiro dia do novo cessar-fogo entre Israel e as milícias palestinas na Faixa de Gaza transcorre em calma. Ambas as delegações já se encontram no Cairo, no Egito, e as negociações foram retomadas, informa a Reuters. À meia noite deste domingo (18 horas de sábado de Brasília) os dois lados aceitaram uma trégua para tentar pôr fim ao conflito. Na sexta passada expirou um cessar-fogo similar. O Governo de Benjamin Netanyahu estava disposto a prorrogá-lo, mas o Hamas se opôs. Queria conseguir alguma concessão antes de se comprometer com uma nova trégua. Agora, pressionado pela comunidade internacional e debilitado militarmente – conforme os dias passam, Israel gasta mais arsenal dos cerca de 3.000 foguetes que diz ter, todos de baixo alcance –, concordou parar novamente com as hostilidades.
Quatro palestinos gravemente feridos durante a ofensiva militar israelense chegaram nessa segunda-feira na Turquia para receber tratamento médico nos hospitais de Ancara, informou o Governo turco. Três mulheres e um adolescente foram enviados para a capital do país em uma ambulância aérea, segundo a AFP. "Previmos inicialmente acolher por volta de 200 feridos para hospitalizá-los em centros médicos turcos (...) faremos tudo o que está em nossas mãos para acolher o maior número de pessoas possível", escreveu em sua conta do Twitter o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu.
Enquanto isso, no Cairo, Ezzat Al Ahmed, porta-voz dos islâmicos, explicou que depois de se reunir pela terceira vez com os mediadores egípcios, decidiram aceitar a trégua "com a esperança de que servirá para chegar a um acordo definitivo". "Pedimos para que delegação israelense não perca um segundo, devemos aproveitar essa oportunidade. Nossa posição não mudou, nossas demandas são as mesmas e as apresentamos. É necessário que o bloqueio a Gaza seja levantado por terra, mar e ar. A trégua deve servir para aliviar a crise humana em Gaza", insistiu. Israel não emitiu comunicado ontem à noite explicando sua adesão.
Al Ahmed confirmou que os acordos que saírem dessa rodada de negociações serão entre Israel e o Governo palestino e que será a administração de Ramallah a encarregada de aplicar o que for determinado. Portanto, será a Polícia Civil palestina e não o Hamas que se ocupará do controle dos postos da fronteira. Fontes palestinas sustentam que ainda não está definido se contarão com supervisão internacional.
Israel repetiu insistentemente que não negociaria no Cairo caso as milícias não parassem com o lançamento de foguetes. O primeiro ministro, Benjamim Netanyahu, compareceu diante do Conselho de Ministros para ratificar que a operação contra Gaza "continua", que "em nenhum momento" a deu por concluída e que, de fato, "serão necessários tempo e paciência" para encerrá-la convenientemente. Sua meta, enfatizou, é conseguir um "longo período" de calma para seus cidadãos e disse que "seguirá tomando medidas".
Até os lados acertarem o cessar-fogo, outros quatro palestinos morreram nesse domingo em Gaza por conta dos ataques israelenses contra 25 objetivos "terroristas", na terminologia do Exército. Entretanto, pelo menos dois, mortos em Khan Yunis e Rafah, eram civis e menores, uma garota de 13 anos e um adolescente de 17, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Mais 20 pessoas ficaram feridas. No total, a ofensiva deixou 1.918 vítimas e cerca de 10.000 feridos em Gaza, e três civis e 64 militares em Israel.
Na Cisjordânia, já são 18 os civis mortos em protestos desde o começo da ofensiva em Gaza. Todos, tirando um assassinado por um colono, morreram em ataques das forças israelenses, informa a ONU. Ontem, um garoto de 12 anos foi baleado pelo Exército no campo de refugiados de Al Fawar, ao sul de Hebron. Os médicos não puderam salvá-lo. Israel abriu uma investigação.
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