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crise aérea

A Venezuela suspende os voos para as Antilhas em meio ao caos aéreo

A decisão é uma resposta à detenção em Aruba do general Hugo Carvajal A medida afeta os viajantes que optam por essa rota ante a redução dos voos para o exterior

A decisão chegou em um momento crítico, em meio ao caos aéreo que ameaça as conexões da Venezuela com o exterior. Como resposta à detenção em Aruba, ilha que é território do reino da Holanda, do general chavista Hugo Carvajal Barrios, o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil da Venezuela (INAC) suspendeu na sexta-feira e por tempo indeterminado todas as operações aéreas para os territórios holandeses de ultramar localizados no Mar do Caribe.

A medida afeta os viajantes venezuelanos que nestes dias de começo de férias escolares viajam para as ilhas de Aruba, Curaçao, Bonaire e Saint Marteen. Além disso, há um incremento do tráfego para esses destinos devido ao virtual bloqueio aéreo que a Venezuela sofre por causa das dívidas do Governo venezuelano com as companhias aéreas estrangeiras, que chegam a cerca de 4 bilhões de dólares (cerca de 9 bilhões de reais). Os venezuelanos recorrem a esses países vizinhos para fazer escala e continuar suas viagens para os Estados Unidos ou Europa, em razão da redução de assentos e diminuição do número de voos que decolam da Venezuela.

Na sexta-feira a imprensa local fazia cálculos sobre o número de passageiros parados nos aeroportos das ilhas vizinhas. O diário local El Universal estima que uns 500 viajantes permaneçam no terminal de Aruba. Com exceção de casais com filhos pequenos, os demais foram desalojados das instalações. As companhias aéreas não querem assumir os gastos decorrentes do contratempo porque a situação foge de sua responsabilidade. O férreo controle do câmbio instaurado há 11 anos pelo regime complica ainda mais o panorama. Os cartões de crédito dos viajantes só podem ser utilizados até o dia previsto para o regresso. Vídeos caseiros postados nas redes sociais mostravam as pessoas bem irritadas.

A chancelaria venezuelana, por meio do vice-ministro para a Europa, Calixto Ortega, havia antecipado uma represália exemplar pela detenção do general na primeira hora da sexta-feira. Do mesmo modo que o presidente na véspera, Ortega reiterou que Carvajal foi sequestrado e que sua detenção era ilegal porque estava protegido pela Convenção de Viena, que confere imunidade aos representantes de outras nações designados para cargos diplomáticos. “Se esse assunto não for resolvido o mais rápido possível, no mais tardar, hoje, isso vai afetar nossas relações”, disse em declarações ao canal privado Venevisión. Em um tom militar semelhante o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, declarou ao diário Russia Today. “O Governo da Holanda deveria saber que nós vamos tomar decisões. Aruba, Curaçao e Bonaire mantêm grandes laços econômicos com nosso país”.

Mas as autoridades da ilha negaram o suposto status diplomático de Carvajal e endossaram a decisão adotada por um juiz de mantê-lo detido, enquanto se espera uma petição formal de extradição das autoridades dos Estados Unidos. Uma porta-voz da procuradoria declarou à agência AFP que esse órgão atuou em conformidade com a lei. Desde quarta-feira, as autoridades norte-americanas têm 60 dias para pedir a extradição de Carvajal. Se durante esse período não for recebida a petição, o ex-oficial venezuelano será libertado.

Uma medida como essa não tem precedentes na história recente da Venezuela. Muitas vezes o falecido comandante Chávez polemizou e rompeu relações com países da América e da Europa, mas nunca suas decisões afetaram o tráfego entre a Venezuela e o alvo de sua ira. Seu protegido, Nicolás Maduro, deu um passo além como se quisesse endossar que em algumas ocasiões os filhos superam o mestre. “Eu estou ao lado do general Carvajal”, bravejou um colérico Maduro na noite de quinta-feira em um ato oficial.

Carvajal, ex-diretor da inteligência militar venezuelana, foi nomeado cônsul em Aruba em janeiro, mas ainda não havia recebido o beneplácito das autoridades locais. Na quarta-feira aterrissou na ilha e logo foi detido. Há vários anos Washington suspeita de que o general, apelidado de El Pollo, colaborou com o tráfico da droga colombiana a esse país e no apoio logístico à guerrilha colombiana das FARC quando Hugo Chávez era vivo. Com a doença do caudilho, deixou seu cargo e pouco se soube dele até a quarta-feira. Sua captura abre uma inesperada frente de batalha internacional para o chavismo.

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