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Abbas entra em acordo com o Hamas

O presidente palestino respalda as condições dos islâmicos para conseguir um cessar-fogo

Um ferido palestino durante os bombardeios israelenses.
Um ferido palestino durante os bombardeios israelenses.SUHAIB SALEM (REUTERS)

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, fez suas as exigências do Hamas para poder negociar com Israel o fim da ofensiva contra a Faixa de Gaza. Nesta madrugada, em uma reunião com o maior órgão de decisão, Abbas optou por respaldar as condições dos islâmicos para conseguir um cessar-fogo, cujo ponto principal é o fim do bloqueio imposto sobre a Faixa desde que o Hamas chegou ao poder em 2007.

Essa união traz uma novidade notável a respeito da postura do rais (líder) palestino na última grande operação israelense, Pilar Defensivo, em novembro de 2012, quando seu papel foi menor e não foi tão enfático na anulação do cerco. Agora se sabe que o Hamas não vai querer ceder para voltar ao status quo anterior à esta crise, e precisa dar esse aval para levá-lo para a mesa de negociações e, além disso, é um gesto que evidencia seu compromisso com seu novo parceiro, com quem acordou a paz em 23 de abril após sete anos de disputas, abrindo as portas para um Governo de unidade que ainda dá seus primeiros passos em meio às bombas.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) emitiu um comunicado no qual estabeleceu claramente o apoio ao Hamas. “Suas demandas para pôr fim ao ataque [por parte de Israel] e de que se levante o bloqueio em todas as suas formas são as demandas de todo o povo palestino”, ressaltou Yasser Abed Rabbo, membro de seu comitê executivo. Falou também da “confiança” de que Gaza “não será vencida” graças ao apoio “de todas as maneiras possíveis” do resto dos palestinos.

Esta ratificação das demandas do Hamas transcendeu as palavras e causou uma proposta alternativa de cessar-fogo por parte da Autoridade palestina, que já está em poder do Governo egípcio, mediador principal entre as partes em litígio. Este plano prevê um cessar imediato e total das hostilidades de Israel e do Hamas e a abertura de um período de cinco dias de negociações, confirmou um porta-voz da Al Fatah, Azzam Al Ahmed, do Egito, informou a Reuters. Já o Cairo havia proposto algo similar, com um tempo menor para os debates (dois dias), que Israel acatou e o Hamas, não. Para os islâmicos é fundamental que sejam concedidas suas exigências sobre o bloqueio antes de acabar com os disparos. Esse é, confirmam fontes da negociação, o ponto mais difícil de superar. Com o empurrão de Abbas, por outro lado, podem se sentir mais seguros e ceder: ir para a mesa de negociações sem condições previamente outorgadas.

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Abbas, com seu ato nesta madrugada, unifica a luta palestina, depois de alguns dias de viagem diplomática pelo Egito, Turquia e o Golfo Pérsico que estavam lhe causando um desgaste popular, pelo entendimento de que a sua postura era branda diante da “resistência” do Hamas e da morte de civis. “Seus cálculos só querem salvar vidas”, disse uma fonte palestina. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, confia no presidente e seu papel pode ajudar a aproximar as posturas do Hamas com o Ocidente.

Kerry, precisamente, aterrissou às 11 horas locais (5 horas de Brasília), em Tel Aviv. Viajou até Jerusalém, onde se encontrou com o secretário geral da ONU, Ban Ki Moon, uma reunião da qual reconheceu que “ocorreram alguns passos adiante” nas negociações mas que ainda “há trabalho para fazer”. Kerry se reunirá na primeira hora da tarde com Abbas na Mukataa (palavra árabe que significa quartel general ou centro administrativo) de Ramallah e depois, com o primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, e o Ministro de Defesa, em Tel Aviv. O novo ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Philip Hammond, fará também fará uma rodada de encontros com os líderes para falar sobre a região.

A Cisjordânia, que em pouco tempo Kerry atravessará, está com os ânimos acirrados, após uma noite e uma manhã de manifestações contra o ataque de Israel contra a Faixa. Os distúrbios se concentraram no norte de Belém e em Ramallah, aonde ao meio-dia ocorreu uma marcha que reuniu por volta de 3.000 pessoas. Em Husan, uma aldeia do distrito de Belém, um homem de 32 anos morreu com um tiro no peito realizado por forças de Israel, informou o Executivo palestino. Ele participava de um confronto entre jovens e militares no qual, indicou um porta-voz, foram lançados coquetéis molotov. O segundo morto em três dias de protestos na Cisjordânia. Também foram detidas dezenas de pessoas na noite passada no leste de Jerusalém.

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