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tensão no iraque

Um grupo armado mata 30 pessoas em Bagdá

As mulheres são maioria entre as vítimas do ataque no bairro de Zayuna

Membros da milícia xiita Asaib Ahl al-Haq em Najaf.
Membros da milícia xiita Asaib Ahl al-Haq em Najaf.STRINGER/IRAQ (REUTERS)

Se alguém pergunta o que aconteceu, respondem com naturalidade que deve ter algo a ver com prostituição. Mas não na área comercial do bairro de Zayuna. Apontam para a parte chamada de "os apartamentos", um grupo de blocos habitacionais cinzentos, atingidos neste domingo pela tempestade de areia que cobre Bagdá. Na noite de sábado, homens armados invadiram vários desses edifícios e mataram a tiros pelo menos 25 pessoas, a maioria mulheres. Outras fontes citadas pela agência Reuters elevam esse número para 33. Não é a primeira vez que acontece.

Zayuna, na zona leste de Bagdá, é um bairro de classe média, bem parecido com o bairro vizinho de Karrada. Ambos têm boa imagem. Em tempos de Saddam Hussein, Zayuna, cercado por casas, foi o lar de muitos oficiais do Exército. Depois da queda de Hussein e da ocupação norte-americana, os homens do regime se foram e os jovens chegaram à área. Hoje, dezenas blocos de pedra bloqueiam as entradas de muitas ruas de Zayuna para redirecionar o motorista ao controle de segurança.

"É um bairro seguro", diz o diretor de uma imobiliária. Muda de postura, porém, quando o assunto é a chacina da noite de sábado, muito perto dali. "O Iraque é um país islâmico", diz com veemência, "e a prostituição é um crime durante o Ramadã". Mas os autores não eram das forças de segurança. "Não, são grupos armados não identificados".

Segundo informações apuradas pela France Presse, que teve acesso à área – os controles policiais endureceram em bairros de presença sunita –, os atiradores entraram em dois blocos e mataram pelo menos 10 mulheres em um e 15 em outro. Em um dos edifícios estava escrita a frase: "Esse é o destino de qualquer prostituição".

Por enquanto não se sabe quem está por trás da chacina, mas não é um caso isolado. No ano passado, dois ataques semelhantes custaram a vida de pelo menos 15 pessoas. O islã proíbe a prostituição. A mulher iraquiana, apesar de integrada à sociedade em muitas áreas, não tem o apoio total da justiça. O Iraque ainda é um dos países onde se alastram os crimes de honra. A sentença imposta pelo artigo 409 do Código Penal ao homem que mata a mulher se a encontrar na cama com outro é de, no máximo, três anos de prisão.

"Casos como esse [o de sábado à noite] acontecem a cada dois ou três meses", diz o vendedor de uma loja de telefonia, situada na principal rua comercial de Zayuna. "Está relacionado à prostituição e os grupos armados religiosos estão por trás", diz um cliente. As milícias xiitas ressurgiram nas ruas de Bagdá desde que os jihadistas do Estado Islâmico (EI) cruzaram a fronteira da Síria e o grão-aiatolá Ali al-Sistani convocou os xiitas a combatê-los. No bairro de Zayuna, as brigadas mais presentes são as de Asaib Ahl al Haq.

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