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A autópsia do jovem palestino mostra que ele foi queimado vivo

O procurador-geral da Palestina afirma que os médicos forenses encontraram vestígios de fuligem nos pulmões

Distúrbios depois do funeral do jovem palestino assassinado.
Distúrbios depois do funeral do jovem palestino assassinado.AMMAR AWAD (reuters)

O jovem palestino Mohamed Abu Jadair foi queimado vivo, de acordo com os resultados preliminares da autópsia divulgados no sábado pelas autoridades palestinas. Segundo o procurador-geral da Palestina, Mohamed Abdel Ghani Uweili, os legistas encontraram vestígios de fuligem no sistema respiratório de Abu Jadair, assassinado na manhã de quarta-feira, em Jerusalém. É a prova de que ele respirava quando seus assassinos atearam fogo. Ainda que ele tenha sofrido um golpe na cabeça, ele morreu devido a complicações decorrentes das queimaduras.

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Abu Jadair desapareceu na parte leste de Jerusalém na madrugada de quarta-feira, quando se dirigia à oração das quatro da manhã em uma mesquita. Seu cadáver carbonizado foi encontrado duas horas mais tarde em um bosque a oeste da cidade. Entre os palestinos, dá-se como certo que ele foi vítima de ultradireitistas israelenses em represália pelo recente assassinato de três jovens estudantes de religião em Cisjordânia. A hipótese também é a considerada a mais plausível em diversos meios de comunicação israelenses, que citam fontes policiais.

As autoridades israelenses não chegaram a conclusões oficiais e seguem investigando se o caso foi um crime racista (“nacionalista”, em linguagem oficial) ou resultado de rivalidades familiares ou ainda um dos chamados crimes de honra entre muçulmanos por uma suposta desonra familiar. Diversos blogs e formadores de opinião israelenses difundiram rumores neste sentido, que alcançaram alguns dos meios de comunicação de Israel. A família de Abu Jadair, que faz parte de um grande clã na parte Leste da cidade, nega categoricamente as duas últimas possibilidades.

A morte do jovem deu início a graves problemas em seu bairro, Shoafat, onde seu funeral desencadeou na sexta-feira uma batalha campal entre policiais israelenses e manifestantes. Em Jerusalém Leste, o rumor de que haviam queimado o jovem vivo se espalhou desde que a autopsia foi concluída, na sexta-feira.

O procurador palestino explicou no sábado que o garoto apresentava queimaduras em 90% do corpo. A autópsia foi realizada em um instituto próximo a Tel Aviv, com a presença e supervisão de um especialista palestino em perícia.

Ainda que no momento haja calma nos bairros orientais de Jerusalém, as tensões se espalharam para outras partes do país. O diário israelense Yediot Ahronot informava no sábado de ataques a judeus nas regiões de maioria árabe no centro de Israel. Houve dois feridos leves e vários carros queimados. A polícia israelense desaconselha os cidadãos judeus a entrarem neste sábado nessas regiões centrais do país, onde muitos viajam para fazer compras de fim de semana.

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