_
_
_
_
Coluna
Artigos de opinião escritos ao estilo de seu autor. Estes textos se devem basear em fatos verificados e devem ser respeitosos para com as pessoas, embora suas ações se possam criticar. Todos os artigos de opinião escritos por indivíduos exteriores à equipe do EL PAÍS devem apresentar, junto com o nome do autor (independentemente do seu maior ou menor reconhecimento), um rodapé indicando o seu cargo, título académico, filiação política (caso exista) e ocupação principal, ou a ocupação relacionada com o tópico em questão

O Brasil fracassa na Copa

O país perdeu uma oportunidade de ouro para modernizar sua imagem de potência emergente

Ainda falta muito para que a Copa do Mundo termine, mas não é cedo demais para declarar que o Mundial foi um fracasso para o Brasil: o país perdeu uma oportunidade de ouro para modernizar sua imagem, apresentar-se como uma potência emergente no campo tecnológico e transmitir a ideia de que é muito mais do que a nação do Carnaval, da caipirinha, do samba e do futebol.

Eis aqui algumas histórias que não foram contadas pelos mais de 5.000 jornalistas de 70 países que viajaram ao Brasil para cobrir a Copa e que nas últimas semanas – antes que o torneio começasse – escreveram extensamente sobre o país:

O Brasil é um dos principais fabricantes de aviões do mundo. Sua empresa aeronáutica Embraer é a líder mundial na produção de aeronaves de passageiros de médio porte, vendendo aviões para empresas como American Airlines, United Airlines, Air France e Lufthansa.

O instituto brasileiro Embrapa é um de grande centro de pesquisas. Entre outras coisas, desenvolveu uma planta de soja que se ajusta a solos ácidos, o que contribuiu para que o Brasil se tornasse um dos maiores exportadores mundiais dessa leguminosa.

Lançou recentemente o programa Startup Brasil. Oferece ajuda governamental e escritórios gratuitos a empresas tecnológicas nacionais e estrangeiras recém-fundadas, conhecidas como startups. A ideia é criar um Vale do Silício brasileiro.

Ciência Sem Fronteiras. O Brasil enviará 100.000 estudantes universitários para cursarem pós-graduações e doutorados em universidades dos Estados Unidos e Europa.

O país perdeu uma oportunidade de ouro para modernizar sua imagem de potência emergente

Plano Nacional de Educação. Aprovado no começo deste ano pelo Congresso brasileiro, prevê que o investimento público em educação chegará a 10% do PIB nos próximos 10 anos. O plano foi sancionado pela presidenta Dilma Rousseff.

É provável que estas e outras medidas ajudem o Brasil a se tornar uma formidável potência tecnológica emergente. Mas, infelizmente, o Governo tem feito pouco para promovê-las durante a Copa. É fato que é difícil para Dilma Rousseff projetar uma imagem de potência tecnológica emergente quando há protestos nas ruas e quando muitos estádios estavam sem terminar no momento em que o torneio estava prestes a começar.

Mas Rousseff poderia ter aproveitado os dias anteriores à Copa para fazer anúncios sobre educação, ciência e tecnologia. E o Governo poderia ter sugerido um logotipo mais futurista para a Copa do Brasil, que enfatizasse o potencial econômico do país.

Simon Anholt, um consultor britânico que publica um ranking anual sobre a imagem dos países no mundo, diz que o Brasil tem uma imagem internacional boa, mas “branda”, que “limita seu potencial econômico”.

O último Índice de Marcas-Nações Anholt-GFK-Roper mostra que o Brasil ocupa o 20º posto entre 50 países no ranking geral. Ostenta a 10ª colocação em cultura, mas está abaixo da 20ª quando se pergunta às pessoas se comprariam um automóvel brasileiro. Isso faz com que o Brasil possa vender férias e música, mas que tenha dificuldades para exportar softwares, por exemplo.

O Brasil ainda pode ganhar a Copa do Mundo, e as comemorações dos dias subsequentes não prejudicariam sua imagem. Pelo contrário, a festa nas ruas levaria ainda mais gente a pensar no Brasil na hora de decidir aonde ir de férias ou qual música escutar. Isso seria simultaneamente um triunfo e uma tragédia para o Brasil. A tragédia seria que o Brasil perdeu uma magnífica oportunidade de se projetar como algo além do país das grandes festas.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_