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Um novo telescópio europeu de raios-X explorará o universo quente

O Athena será lançado ao espaço em 2028 e custará 3,9 bilhões de reais

Ilustração de uma galáxia com um buraco negro em seu centro.
Ilustração de uma galáxia com um buraco negro em seu centro.ESA/AOES Medialab

Um avançado telescópio de raios-X chamado Athena, capaz de observar com maior profundidade do que agora a formação de grandes estruturas cósmicas e o crescimento de buracos negros gigantes, será lançado ao espaço em 2028. Será o maior e mais potente observatório de raios-X, para estudar a matéria e os fenômenos celestes mais quentes. A missão é parte do programa de Ciência e Exploração Robótica da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e foi aprovada com um orçamento de um bilhão de euros (três bilhões de reais), aos quais se somarão outros 300 milhões de euros por conta das instituições de pesquisa dos países participantes, para que desenvolvam e construam os instrumentos científicos do telescópio. Este futuro científico será o herdeiro do XMM-Newton, atual observatório de raios-X da ESA.

Ilustração do futuro telescópio espacial de raios-X Athena.
Ilustração do futuro telescópio espacial de raios-X Athena.IFCA

“O Athena, combinando o fato de ser um grande telescópio de raios-X com os instrumentos científicos mais avançados, abordará questões-chaves da astrofísica: como e por que a matéria comum se junta formando galáxias e aglomerados de galáxias que vemos hoje no céu, e como os buracos negros crescem e influenciam o seu entorno”, explica a ESA em nota. “Os cientistas acreditam que no centro de quase todas as galáxias haja buracos negros desempenhando um papel fundamental em sua formação e evolução. Para investigar essa conexão, o Athena observará as emissões muito quentes de matéria logo antes de serem tragadas por um buraco negro.”

O futuro observatório foi proposto por uma equipe internacional liderada por sete cientistas europeus, incluindo Xavier Barcons, pesquisador do Instituto de Física da Cantabria IFCA (CSIC – Universidade da Cantabria), conforme informa essa instituição.

O Athena trabalhará a uma distância de 1,5 milhão de quilômetros da Terra, em torno do ponto de equilíbrio gravitacional Lagrange-2, onde estão, entre outros, os telescópios Herschel, Planck e Gaia da ESA, e aonde se enviará o James Webb, futuro substituto do telescópio espacial Hubble.

“Buracos negros, aglomerados de galáxias, estrelas de nêutrons, restos de supernovas, estrelas ativas ou inclusive atmosferas de planetas do Sistema Solar estarão na alça de mira do Athena”, resume o IFCA.

Esta nova missão da ESA é parte do programa Cosmic Visions. “Sua escolha assegura que o sucesso da Europa no campo da astronomia de raios-X se manterá além da vida útil de nosso observatório-bandeira, o XMM-Newton”, declarou Álvaro Giménez, diretor de Ciência e Exploração Robótica da ESA.

A partir de agora, os cientistas e engenheiros devem encarar os desafios tecnológicos do novo telescópio, incluindo a sua óptica e a refrigeração, já que um dos detectores funcionará apenas 50 milésimos de grau acima do zero absoluto (273 graus Celsius abaixo de zero). Ainda está em discussão a possível participação no Athena de sócios internacionais, como a NASA e a agência espacial japonesa JAXA, segundo o IFCA.

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