Os bispos debaterão em outubro sobre homossexuais e divorciados
O Vaticano apresenta os assuntos que serão tratados na próxima Assembleia extraordinária
![A Conferência Episcopal Espanhola (CEE), no dia 25 de junho de 2014.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/GYAPN7YUFI4BN7ZQL2YFTBYBSA.jpg?auth=3ba4cf87659b464bd9d78b3d56760aa72781d641643464394272ee5638ada353&width=414)
Bispos de todas as partes do mundo discutirão, em outubro no Vaticano, sobre as novas situações sociais na família, como os casamentos entre divorciados, casais de fato e de homossexuais, ou os diferentes métodos contraceptivos. Assim destacou nesta quinta-feira a Santa Sede, que apresentou os assuntos que serão debatidos pelos prelados na próxima Assembleia extraordinária que ocorrerá entre 5 e 19 de outubro sob o lema Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização.
Esses assuntos estão reunidos no Instrumentum Laboris (documento de preparação) que foi apresentado esta quinta à imprensa no Vaticano, elaborado com as respostas ao questionário, formado por 39 perguntas, que a secretaria do Sínodo de Bispos enviou em 2013 às conferências episcopais de todo o mundo e que estas apresentaram aos fiéis católicos.
O documento, que servirá de base ao Sínodo, ressalta a preocupação dos bispos pelas "práticas consolidadas" dos divórcios, convivências, uniões homossexuais ou as chamadas "famílias ampliadas". No texto está assinalado, além do mais, que os escândalos sexuais, como a pedofilia, e a incoerência do estilo de vida de alguns religiosos teve como consequência "uma relevante perda da credibilidade moral" da igreja.
O texto, de 70 páginas, recolhe as respostas dos fiéis sobre vários temas, as preocupações, reflexões e experiências dos bispos, mas sobretudo as interrogações e dúvidas que, espera-se, possam ser resolvidas no próximo Sínodo, cujo tema foi escolhido pessoalmente pelo papa Francisco.
![O papa Francisco com um grupo de crianças espanholas no Vaticano, nesta quarta-feira.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/NJOIW65ZZFNPCARC2RBGNUWL54.jpg?auth=d1bb3c485e0bb16b0d0f09f0ac4d8092158a7f3163f467230e755556253ee7af&width=414)
Na primeira parte trata de como comunicar os ensinamentos do Evangelho às famílias de hoje em dia e como formar os sacerdotes, partindo da lei natural de que a família se baseia no casamento entre um homem e uma mulher. Por isso, no documento se ressalta a preocupação dos bispos por essas "práticas consolidadas".
A segunda parte introduz o que chamam de "os novos desafios" para a Igreja católica e são enumerados os problemas para a família atual como, "a debilidade da figura paterna", "a violência" no seio da família contra mulheres e crianças, assim como o vício no jogo, o alcoolismo, ou inclusive "os ritmos de trabalho intensos" que impedem a dedicação aos filhos.
O documento também aborda o que chama "situações pastorais difíceis" ao falar de convivências e uniões de fato, que ocorrem, no julgamento dos bispos, "por causa da pouca formação do casamento ou a concepção do amor como um fato privado".
Outro dos temas que deverão enfrentar é a dos divorciados e será debatido sobre a possibilidade de "agilizar" ou "simplificar" os casos para declaração de nulidade matrimonial. Por seu lado, será discutida a possibilidade de que os divorciados possam voltar a comungar, já que algumas conferências episcopais pediram "misericórdia, clemência e indulgência".
Sobre as uniões homossexuais, as conferências episcopais se opõem a qualquer legislação que as permita, mas destaca-se que os ensinamentos católicos pedem "um comportamento respeitoso e que estas pessoas não sejam julgadas". Também está expresso um não rotundo à adoção de crianças por parte de casais homossexuais, mas pedem que os filhos destes casais que peçam o batismo "sejam acolhidos com o mesmo cuidado, ternura e dedicação" que os demais.
A terceira parte está dedicada à chamada "abertura à vida e responsabilidade educativa" e trata sobretudo dos "métodos contraceptivos" e as dúvidas dos fiéis, mas os bispos também "pedem que se explique as posições da Igreja" em relação a temas como a prevenção da AIDS.