Obama condiciona o seu apoio militar ao Iraque ao fim das políticas sectárias
O presidente dos EUA apela à responsabilidade dos iraquianos para superar a divisão interna
Os Estados Unidos – “a nação indispensável”, no dizer do presidente Bill Clinton,– mais uma vez se veem arrastados em direção a uma intervenção militar. E, novamente, como já aconteceu durante o Governo Obama, o país contempla essa opção com reservas, receoso de se atolar em mais uma guerra de difícil solução.
O presidente democrata impôs condições para a maior potência mundial ajudar o governo iraquiano a deter o avanço dos jihadistas. O governante dos EUA, reticente, como os cidadãos de seu país, quanto a embarcar em novas aventuras militares, advertiu que os EUA só enviarão ajuda militar se o primeiro-ministro, o xiita Nuri al-Maliki, se comprometer a deixar de lado as políticas exclusão contra os sunitas e proporcionar uma segurança mínima no país.
Obama exigiu que Al Maliki, a quem Washington acusa de alimentar o caos no Iraque com sectarismo e decisões arbitrárias, empreenda "um esforço sério e sincero" para "deixar de lado as diferenças sectárias, promover a estabilidade e responder aos interesses legítimos de todas as comunidades do Iraque". "Não podemos fazer isso por eles", acrescentou. "E, na ausência desse tipo de esforço político, nenhuma ação militar a curto prazo, incluindo qualquer assistência que possamos proporcionar, terá sucesso", disse ele.
Entre as opções estudadas pelo presidente norte-americano estão ataques aéreos com drones – aeronaves não tripuladas – ou aviões de guerra convencionais, além do reforço da assistência às forças de segurança em equipamentos, treinamento e inteligência. Obama disse que demorará "vários dias" para decidir. O envio de tropas terrestres, dois anos e meio após o último soldado americano ter deixado o Iraque após oito anos de guerra, está descartado.
"É hora de o presidente apresentar seu plano para conter o avanço e a propagação do terrorismo no Iraque e em uma região fundamental para os interesses nacionais dos Estados Unidos", disse em um comunicado o republicano John Boehner, presidente da Câmara dos Deputados. Obama prometeu "consultas estreitas" com o Congresso sobre uma possível ação dos EUA, mas evitou mencionar a possibilidade de submeter a intervenção à votação dos parlamentares.
Alguns movimentos em Washington nos últimos dias lembram as preliminares para a frustrada intervenção na Síria em setembro de 2013. Naquele momento, tudo estava pronto para atacar o regime de Bashar Al Assad. Como agora no Iraque, Washington preparava ataques aéreos pontuais e descartava o envio de tropas. A diferença é que, desta vez, Obama avalia os prós e contras de sair em socorro de um Governo aliado que, para complicar o quebra-cabeças, tem o apoio do Irã e enfrenta rebeldes que lutam contra Assad na vizinha Síria.
Obama desconfia de Al Maliki. Ele sempre afirmou que o poderio militar dos EUA é insuficiente para resolver os problemas internos de países como o Iraque ou o Afeganistão. Ao mesmo tempo, acredita que os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) podem acabar ameaçando os interesses nacionais norte-americanos, o que seria motivo para uma intervenção militar, de acordo com os princípios que o presidente expôs há duas semanas em um discurso Academia Militar de West Point (Nova York). O Pentágono enviou o porta-aviões George H. W, Bush à região, segundo informa a CNN.
As vitórias do EIIL colocaram o democrata Obama na defensiva. Os republicanos o acusam de ter desistido do Iraque quando retirou as tropas em 2011 por falta de acordo com o Governo iraquiano. A retirada do Iraque e do Afeganistão – guerras que seu antecessor, o republicano George W. Bush, iniciou em resposta ao 11 de setembro – era o argumento central de sua política externa. O retorno ao Iraque – e as dúvidas que o conflito naquele país projeta sobre os planos de retirada do Afeganistão – torna questionável o seu legado.
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