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O Exército vai complementar as forças policiais dos Estados

As Forças Armadas têm licença para conter protestos quando solicitados, e atuarão de modo independente para completar a segurança do evento

Soldados do Exército escoltando a equipe inglesa no Rio.
Soldados do Exército escoltando a equipe inglesa no Rio.B. S. (afp)

Um turista desavisado que passe pelas orlas do Rio de Janeiro, ou de Santos ou do Guarujá, no litoral paulista, em determinadas horas do dia, pode pensar que o Brasil está em guerra ou em vias de sofrer um golpe militar. Navios da Marinha e veículos do Exército têm circulado frequentemente pelas águas ou pelas principais vias da região. Mas não, esse não é o cenário de um confronto bélico nem de uma tomada de poder. Trata-se do reforço na segurança e no policiamento da Copa do Mundo, que começa no próximo dia 12.

A tropa de segurança, de 150.000 profissionais em todo o país, conta com 57.000 militares, o equivalente a 20% de todas as Forças Armadas brasileiras. Pela legislação, não cabe aos profissionais do Exército, Aeronáutica e da Marinha fazerem a segurança pública. Essa função é específica da Polícia Militar, da Civil, ou da Federal. Porém, com a possibilidade, ainda que remota, de haver ataques terroristas ou protestos que atinjam delegações estrangeiras, os militares entraram em estado de alerta e foram postos à disposição como uma força complementar da segurança local.

“Estaremos onde formos solicitados pelos governos locais”, explica o coronel Ricardo Carmona, do Centro de Defesa de Área de São Paulo.

Das 12 cidades-sede, apenas duas não pediram reforço para as Forças Armadas: Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Manaus, no Amazonas. As demais já solicitaram que os militares transitem pelas suas ruas.

Em princípio, os militares atuariam na proteção marítima e fluvial, na defesa cibernética e no controle do espaço aéreo. Acontece a debilidade das polícias em alguns Estados e o temor de que os protestos tomem conta do país fez com que o governo Dilma Rousseff (PT) ampliasse o leque de ação. Agora, eles já estão nos hotéis das delegações, nos aeroportos, nos centros de treinamento e escoltando os jogadores.

Se ainda forem requisitados, os militares vão inclusive conter protestos. E não serão da tropa do braço, que são aqueles profissionais treinados em artes marciais e que não usam armas. Eles usarão armamento menos letal (balas de borracha e bombas de gás) e comandarão as tropas que precisarem atuar nos protestos.“No início iríamos fazer a varredura dos estádios para ver se havia armamentos químico, biológico, radiológico ou nuclear. Mas se for necessário, no caso de terrorismo entramos nas arenas também, assim como nas manifestações. Mas não estaremos subordinados a ninguém, vamos comandar as equipes”, afirmou o coronel Carmona.

Essa postura de protagonismo e de uma certa independência pode trazer problemas no dia a dia das forças de segurança, segundo analisa o especialista em segurança Wilquerson Sandes. Professor de academias policiais e oficial da PM de Mato Grosso, Sandes diz que a falta de experiência pode interferir na ação das Forças Armadas no Mundial. “Quem entende de controle de manifestação são as polícias. Não sabemos se a ação do Exército no protesto trará resultados positivos ou negativos”, ponderou.

Com esse reforço, o governo Rousseff quer passar a ideia de que o Brasil, que registrou em 2012 o índice de 24,3 homicídios por 100 mil habitantes, é mais seguro do que de fato é. Atualmente o país é mais violento que outras nações com características similares, como o México, que tem uma taxa de 23,7 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes.

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