O Governo aprova em um artigo único a sucessão automática na Coroa
O Executivo, reunido de maneira extraordinária, dá luz verde à lei que regulamenta a abdicação
O governo aprovou nesta terça-feira a lei orgânica que tornará efetiva a abdicação do rei, cujo trâmite parlamentar começará à tarde no Congresso. Mariano Rajoy se reuniu com todos os ministros de sua equipe de governo para preparar um texto que será enviado à Câmara de Deputados com um artigo único com dois parágrafos: 1. Sua Majestade, o rei Juan Carlos I de Borbón abdica da Coroa da Espanha; 2. A abdicação será efetiva a partir da entrada em vigor da presente lei orgânica. A lei contém também uma disposição final única que assinala que entrará em vigor no momento de sua publicação no Boletim Oficial do Estado (BOE).
A exposição dos motivos da lei que consiste basicamente na reprodução do discurso televisionado de dom Juan Carlos aponta que: "A entrada em vigor da presente lei orgânica, determinará, em consequência, que a abdicação exerça seus efeitos e que se produza a sucessão na Coroa da Espanha de forma automática, seguindo a ordem prevista na Constituição." Isto implica que o Príncipe de Astúrias será proclamado rei como Felipe VI, mas a lei não inclui seu nome porque se remete à Constituição, que determina claramente a ordem sucessória. A norma é assim extremamente simples e breve, o que evita polêmicas e facilitará que tenha o máximo apoio parlamentar.
O governo já explicou que não tinham previsto incluir nesta lei, como finalmente aconteceu, nenhuma disposição sobre o papel de dom Juan Carlos depois de ter abandonado o cargo de chefe de Estado, nem sobre a questão de sua proteção jurídica. Os especialistas consultados entendem que o monarca não é imputável por nenhum dos atos que realizou durante seu reinado. Don Juan Carlos perderá a proteção no momento em que deixar de ser chefe de Estado, mas o governo não considerou urgente regulamentar a proteção jurídica, pois já estão cobertos os 39 anos.
Além da lei orgânica, o Conselho de Ministros aprovou também de forma extraordinária uma declaração institucional na qual reivindicam a figura de dom Juan Carlos. O texto explica que a abdicação só será considerada efetiva quando as Cortes (Congresso e Senado) aprovarem a norma, mas enfatiza sobretudo o papel do rei: "Dom Juan Carlos quis ser, e foi, o rei de todos os espanhóis. Sem seu impulso e liderança, a transição, simplesmente, não teria sido possível", assegurou o governo.
"Se a Espanha é hoje um Estado de Direito, moderno e democrático, que logrou alcançar altas cotas de bem-estar social e protagonismo na Europa e em todo o cenário internacional, deve-se, em grande medida, ao reinado de Dom Juan Carlos I", continua o texto que imediatamente se refere ao momento chave de seu reinado durante a tentativa de golpe militar fracassada de 23 de fevereiro de 1981, conhecida como 23-F: "Nos momentos em que o novo marco de convivência se viu em perigo, a intervenção do rei a serviço dos espanhóis e de sua democracia foi decisiva, assegurando os cimentos de liberdade e concórdia sobre os quais foi erguido o novo Estado Social e democrático de Direito."
“Assuntos como a abdicação não se improvisam”, afirma o presidente
O governo também aproveita o documento para expressar sua lealdade aos reis dom Juan Carlos e dona Sofía e transmitir tranquilidade: "A Constituição assegura a normalidade na sucessão ao cargo de chefe de Estado."
Por último, o Executivo reivindica o papel do príncipe: "O governo quer expressar sua certeza de que sua formação, caráter, experiência e vocação de serviço à Espanha permitirão desempenhar adequadamente suas funções a serviço de nossa pátria, e fortalecer a monarquia parlamentar, que a Constituição proclama como garantia da unidade, progresso, concórdia e bem-estar de todos os espanhóis."
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.