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As pesquisas antecipam a vitória de um candidato pragmático na Ucrânia

O ex-ministro e empresário Poroshenko tem mais apoio no oeste do país Na região em conflito de Donbass, mais de 51% opta pela abstenção

Pilar Bonet
A sede do Governo regional de Donetsk, controlada pelos separatistas pró-russos, nesta terça-feira.
A sede do Governo regional de Donetsk, controlada pelos separatistas pró-russos, nesta terça-feira.AP

Piotr Poroshenko, o principal fabricante de chocolate da Ucrânia, é o candidato favorito nas eleições presidenciais de 25 de maio, nas que se prevê a participação de 79% do censo populacional, segundo uma pesquisa conjunta de dois institutos sociológicos (Fundação Iniciativas Democráticas e Centro Razumkov) que foi apresentada nesta terça-feira em Kiev. Poroshenko, um veterano político que foi ministro de Relações Exteriores, teria 44,6% dos votos, mas seu apoio é muito desigual, oscilando entre 53,1% nas zonas ocidentais do país a 25,9% nas orientais, segundo a sondagem.

A participação seria muito elevada (79%), mas também muito desigual, indica a pesquisa. Na região em conflito de Donbass (as províncias de Donetsk e Lugansk), onde em 11 de maio se celebraram referendos de independência, 51% do eleitorado não tem intenção de participar das eleições. Na região de Donetsk, os candidatos com mais peso são Serguéi Tigipko (9,9%), um político que esteve no Governo do presidente Victor Yanukovich, e o comunista Piotr Simonenko (8,1%).

A preferência por Poroshenko deve-se sobretudo a que sua figura se associa com a visão de um caminho real para superar a crise econômica. Os candidatos mais de direita e nacionalistas, que colaboraram com a propaganda russa para desqualificar os políticos que se reuniram no Maidan, têm percentagens muito reduzidas, como Dmitro Yárosh, do Setor de Direitas, que obteria 0,5% e Oleg Tiagnibok, do partido Liberdade, que teria 0,7%.

A ex-primeira ministra Yulia Timoshenko ficaria em segundo nas eleições, com um resultado (8,4%) muito abaixo de Poroshenko, e a pouca distância do ex-ministro de Defesa, Anatoli Gritsenko, (7,5%). No segundo turno, Poroshenko obteria 52,5% dos votos em frente a Timoshenko (9,9%). Desde que saiu da prisão em fevereiro, a ex-primeira ministra não conseguiu recuperar o carisma  que desfrutou no passado e dá a impressão de estar bastante isolada inclusive daqueles que foram seus colegas de grupo parlamentar na Rada Suprema. Meios jornalísticos em Kiev indicam que há duas semanas Timoshenko reclamou por ter perdido o contato com Alexandr Turchínov, que exerce como presidente interino, e com Arseni Yatseniuk, que desempenha o cargo de chefe do Governo. Timoshenko acusou além disso a União Europeia, Alemanha e a OTAN de ter virado as costas à Ucrânia, assinalam as fontes. A estadista também não encontrou apoio na Administração norte-americana para as ideias que reivindica, entre elas a entrada da Ucrânia na OTAN e o envio de armamentos a Kiev.

Embora a participação de Donbass nas eleições é problemática porque os separatistas ameaçam  impedi-la, a Ucrânia sofreu grandes mudanças nos últimos tempos, afirma Andrii Bichenko, diretor do serviço sociológico do centro Razumkov. “Antes, a Ucrânia estava dividida em duas partes iguais por seu tamanho, o sudeste e o noroeste, que votavam de forma diferente, mas agora o leste se dividiu e as províncias de Jarkov, Dnepropetrovsk e Zaparozhe, se distinguem substancialmente de Donbass, pelo que podemos dizer que a Ucrânia agora está mais unificada, ao invés de estar dividida em duas partes,. O que tem é um território divergente, onde reside entre 16% e 17% da população do país”. Os três candidatos que concentram o eleitorado mais pró-russo, Tigipko, Simonenko e Mijaíl Dobkin (do Partido das Regiões) obteriam juntos entre 14% e 15% dos votos, prognostica Bichenko.

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