O presidente que fez um acordo com o PRI
Gustavo Madero, parente do pai da Revolução Mexicana, repetirá um período como dirigente do PAN
Em 1910 um empresário originário de Parras, Coahuila, ao norte do México, surgiu fazendo oposição ao Governo de Porfirio Díaz, presidente do México por mais de 30 anos. O lema que se tornou popular na revolta liderada por Francisco Madero foi “sufrágio efetivo, não à reeleição”. Mais de um século depois, Gustavo, sobrinho neto do pai da Revolução Mexicana, foi reeleito no cargo que ocupa desde 2010: presidente do Partido Ação Nacional (PAN), a organização da direita mexicana.
A família Madero fugiu do México em 1913, ano em que Francisco foi fuzilado por um governo golpista. Voltaram mais de 30 anos depois para se instalar em Chihuahua, um estado na fronteira com os Estados Unidos. Gustavo (Chihuahua, 1955) estudou Comunicação em Guadalajara e por muito tempo se dedicou à sua empresa.
Nos anos oitenta, ocorreram os primeiros gestos democráticos no México, criando uma disputa com o Partido Revolucionário Institucional (PRI) pela hegemonia no poder. Em 1986 uma fraude orquestrada pelo PRI evitou que o PAN governasse Chihuahua pela primeira vez. Anos depois, o candidato do PAN que disputou essas eleições, Francisco Barrio, chegou ao Governo local em 1992 com um amplo respaldo popular. Esse foi o primeiro governo da oposição no Estado e o início de Gustavo Madero na política.
O pai de Madero, devido à história familiar, sempre pediu ao seu filho para se manter afastado da política.Talvez seja por isso que a sua carreira no PAN começou tão tarde, em 1996, aos 41 anos. Suas origens coincidiam com os princípios da direita mexicana, que durante anos viu os empresários como seus principais quadros políticos.
O atual líder da direita é de Chihuahua, um estado pioneiro na abertura democrática do México
Madero desembarcou na cidade de México quando o PAN e Vicente Fox ocupavam Los Pinos, a residência oficial. Chegou ao Congreso em 2003 após ganhar um governo provincial federal em seu estado natal. Em 2006 passou ao Senado e em 2008 foi líder da bancada. Ali, apesar de ter uma carreira política que mal ultrapassou uma década de experiência, fixou seu objetivo na presidência do PAN.
Um fator foi decisivo para que Madero tivesse sorte na disputa. Seu rival era o deputado Roberto Gil Zuarth, uma jovem promessa que foi secretário particular do presidente Felipe Calderón (2006-2012). Muitos membros do PAN viram em Madero a possibilidade de que o mandatário deixasse de se intrometer na vida do partido. Os dois últimos líderes do PAN foram escolhas impostas por Calderón. A era Madero começou em 2010.
A eleição de 2012 supôs um desastre para o PAN, que não só perdeu a presidência do país como também caiu para a terceira posição. Os votos manifestaram uma ampla rejeição à política de segurança de Calderón. Madero se manteve no posto apesar de alguns de seus antecessores terem perdido em derrotas ainda menos contundentes.
Em meados de 2012, alguns meses após as eleições, Madero começou a sustentar reuniões privadas com a equipe de Enrique Peña Nieto, que ganhou a presidência. De manhã, o presidente do PAN denunciava as desigualdades e sugeria sugeria irregularidades eleitorais. À noite, começava a traçar um programa de reformas junto a Luis Videgaray e Miguel Osorio Chong, dois dos homens da maior confiança do hoje presidente de México. Esse foi o início do Pacto pelo México. Madero se ufana de ser um de seus criadores.
A incursão do PAN no Pacto pelo México, reprovada por setores do partido encabeçados por Ernesto Cordero, seu adversário, será um dos fatores qualificados na eleição deste domingo. Assim como a honestidade e a corrupção. Boa parte da disputa esteve centrada na suspeita de que alguns dos homens mais próximos ao presidente do partido receberam dinheiro produto de corrupção. Madero, o parente do apóstolo da democracia mexicana, jogou na eleição a reputação de um sobrenome com história.
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