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O ‘The New York Times’ admite que está ficando para trás na batalha digital

Um relatório interno revela que está “diminuindo” a vantagem do jornal em relação à concorrência

Yolanda Monge
Fachada da sede central do 'The New York Times'.
Fachada da sede central do 'The New York Times'.AP

O inabalável apego da redação à sua edição impressa está levando o jornal The New York Times a deixar em segundo plano a sua versão on-line, segundo um relatório interno do jornal nova-iorquino divulgado pelo site BuzzFeed. “A redação é unânime: estamos dedicando muito tempo e energia à primeira página", afirma o documento.

O relatório de 96 páginas foi elaborado ao longo de seis meses por uma equipe de dez jornalistas do NYT sob o comando de Arthur Gregg Sulzberger, filho do editor e presidente do jornal, Arthur Sulzberger Jr. O documento foi entregue aos diretores da publicação no mês passado, expondo com clareza que a liderança do NYT, sua vantagem comparativa em termos jornalísticos, está “diminuindo” à medida que novas empresas de comunicação, como First Look Media, Vox, Huffington Post e outros, “estão ampliando suas redações”.

Embora a primeira frase do texto seja reconfortante – “O The New York Times está vencendo no que diz respeito ao jornalismo” –, o restante do relatório é um alerta de que o jornal não se está mexendo “com a urgência necessária”. Os problemas mais profundos são de caráter cultural, por exemplo, a sensação de que o NYT é em si um destino final, um ponto de chegada, não um promotor de mudanças, o que acaba conduzindo a um abandono da promoção social. A obsessão de redatores e repórteres em assinar seu nome na primeira página do jornal os leva a manterem uma contagem competitiva de quantas vezes por ano eles aparecem nesse espaço, segundo o relatório.

Enquanto a publicação “vence” fazendo jornalismo, ela “perde” numa área crucial: “A arte e a ciência de fazer nosso jornalismo chegar aos leitores", diz o relatório. “Sempre nos preocupamos com o impacto e o alcance do nosso trabalho”, prossegue o documento, “mas não temos feito o suficiente para decifrar o código da era digital”.

Sempre nos preocupamos com o impacto e o alcance de nosso trabalho, mas não fizemos o suficiente para decifrar o código da era digital”

Os dados dizem que apenas um terço dos leitores do jornal em papel visita o site do diário nova-iorquino. Outra cifra citada no documento aponta que os alertas noticiosos do NYT chegam a 13,5 milhões de pessoas, doze vezes mais do que a quantidade de assinantes da edição impressa. O relatório lamenta a fraca divulgação das grandes reportagens do jornal, citando um caso em que os diretores de marketing e relações públicos souberam do material tão tarde que não tiveram como divulgá-lo. Nesse mesmo caso, o autor da reportagem levou dois dias para tuitá-la.

Aparentemente, o relatório não tem relação com a demissão sumária da diretora de redação Jill Abramson, ocorrida nesta semana, mas ele corrobora o temor do editor e presidente da empresa de que o NYT esteja rateando na frente digital e precisaria de uma mudança de rumo.

Por último, mas não menos importante, o documento pede que se faça uma profunda reflexão sobre a independência da redação em relação ao restante da companhia, com vistas a envolver mais os líderes editoriais nas decisões tecnológicas. “O primeiro passo deveria ser uma iniciativa deliberada para abandonar nossa metáfora favorita – a que se refere ao ‘muro’ ou à ‘separação entre Igreja e Estado’”, a divisão entre as áreas administrativa e jornalística da publicação.

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