O Brasil para inglês ver (final)
Reunimos, abaixo, mais algumas informações sobre o Brasil, que em breve receberá cerca de 600.000 torcedores para assistir aos jogos da Copa do Mundo de Futebol
NOSSO CAMPO – Estima-se que haja cerca de 150 milhões de hectares de latifúndios completamente ociosos – por outro lado, calcula-se em quatro milhões o número de trabalhadores sem terra e camponeses pobres. Há 60 mil famílias sem terra vivendo em condições miseráveis em 150 acampamentos espalhados pelo país. Dados do IBGE mostram que, enquanto 20% dos domicílios urbanos apresentam rendimento médio mensal de até um salário mínimo (R$ 724,00 ou cerca de 324 dólares), no setor rural esse número cresce para 47% das famílias, sendo que 12% delas registram rendimento igual a zero. O analfabetismo no meio rural chega a 33% contra a média nacional de 9%. Dos 7,5 milhões de domicílios rurais permanentes, apenas 18% têm água encanada, 46% possuem banheiro e 13% contam com coleta de lixo. Metade das terras do país pertence a 48 mil pessoas.
NOSSAS CASAS – A ONU estima em 7,7 milhões o déficit habitacional, sendo que faltam 5,5 milhões de moradias somente na área urbana. A região mais rica, o Sudeste, concentra a maior carência, 37% do total, seguida do Nordeste, com 35%. Segundo o documento, se o cálculo levar em consideração moradias inadequadas (em favelas e áreas em situação de risco ou sem infraestrutura), o déficit chega a 13 milhões de habitações.
NOSSOS ADOLESCENTES – Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, do IBGE, realizada no ano passado com pré-adolescentes entre 13 e 15 anos, aponta que 29% já tiveram relação sexual, 6,4% envolveram-se em brigas com armas de fogo, 11% foram agredidos fisicamente por um adulto de sua família, 7,3% usaram drogas ilícitas (maconha, cocaína, crack, etc), 26% consumiram álcool. Além disso, 8% dos alunos deixaram de ir à escola nos 30 dias anteriores à pesquisa por não se sentirem seguros, sendo o índice maior entre os alunos da escola pública (9%) e menor entre os estudantes da escola privada (4,4%). Nos 30 dias anteriores à pesquisa, 27% confessaram ter dirigido um veículo motorizado.
NOSSAS DROGAS – O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo e hoje responde por 20% do mercado mundial da droga. Segundo pesquisa conduzida pela Unifesp, um em cada cem brasileiros já consumiu crack, o que coloca o país como o maior consumidor do mundo. Além disso, 1,5 milhão de pessoas usam maconha diariamente.
NOSSAS DOENÇAS – Hanseníase ou lepra – 2ª maior incidência do mundo. De todos os casos novos diagnosticados na América, 94% surgem no Brasil.
Malária – 500 mil novos casos por ano, principalmente na região amazônica.
Tuberculose – 22ª maior incidência no mundo, com 68 casos por 100 mil habitantes. São 116 mil novos casos diagnosticados por ano.
Dengue - São Paulo, a cidade mais rica do Brasil, registrou um aumento de 42% na ocorrência de dengue nos primeiros três meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Aids – Estima-se que surjam de 30 mil a 35 mil novos casos todos os anos, sendo que 59% do total das notificações ocorrem na região Sudeste. Dos 5.564 municípios brasileiros, 87% registram pelo menos um caso de doença.
NOSSA ECONOMIA – O Brasil é a sétima maior economia do mundo, movimentando 2,2 trilhões de dólares em produtos e serviços por ano.
NOSSA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA – O Brasil tem a sexta pior distribuição de renda do mundo. Para cada dólar que os 10% mais pobres recebem, os 10% mais ricos ganham 68.
NOSSO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO – O Brasil ocupa o 85º lugar do mundo – o IDH leva em consideração indicadores de renda, saúde e educação.
NOSSOS PROFESSORES – De acordo com a Unesco, o salário médio anual de um professor em início de carreira é o terceiro pior de 38 países pesquisados: US$ 4.818, o equivalente a R$ 10.689,21 ou R$ 890,77 por mês. O salário médio mensal de um policial militar em início de carreira é de R$ 1.018,00 ou 460 dólares e de um policial civil R$ 1.693,00 ou 765 dólares. Triste país onde um policial ganha mais que um professor.
Luiz Ruffato é escritor
Leia, toda quarta-feira, uma nova crônica aqui, na edição Brasil do jornal EL PAÍS
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