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Coluna
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A China é notícia

Em 2014 os chineses desbancarão os EUA na liderança mundial de produção de riqueza

Lluís Bassets

O maior país do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, tem sempre motivos para ocupar as primeiras páginas dos noticiários. Nem sempre bons, obviamente. Os seus acidentes, suas catástrofes naturais, e inclusive os seus expurgos políticos, correspondem perfeitamente ao seu tamanho natural e ao proeminente local que ocupa.

A último e mais recente motivo não saiu nos meios de comunicação chineses, senão no Financial Times, o prestigioso diário da City londrina, pelas mãos de seu editor Chris Giles. São coisas que acontecem com frequência em um país onde não há liberdades públicas e menos ainda liberdade de imprensa, embora nesse caso o motivo da notícia londrina nada tenha a ver com a censura.

Deixem-me manter o suspense e aplicar os adjetivos antes de entrar no assunto: a notícia é colossal, daquelas que, sim, merecem a classificação de histórica. Resulta que neste mesmo ano de 2014 a China se converterá estatisticamente no primeiro país do mundo em produção de riqueza, desbancando os Estados Unidos da liderança, que vinham ocupando desde 1872.

Na última ocasião em que se fez tal comparação, em 2005, a China não chegava à metade dos EUA em PIB

Como ocorrerá tão inesperada novidade, inicialmente prevista para 2019? O jornalista nos conta que os números acabam de ser atualizados pelo Banco Mundial, através de seu Programa de Comparação Internacional (ICP, na sigla em inglês), no qual se compara o Produto Interno Bruto (PIB) de cada um dos países a partir do custo real da vida e não da taxa de câmbio.

Na última vez em que se fez tal comparação, em 2005, a China não chegava nem à metade dos EUA em PIB. Agora, de repente, aparece de novo em todo o seu gigantismo a ponto de ultrapassar quem ocupava o primeiro posto há 140 anos, assim como em 2010 se adiantou ao Japão e se colocou no segundo lugar.

A maior surpresa não é a ultrapassagem, prevista e esperada, senão a rapidez com que esta chega. A China é o primeiro país do mundo em uma série de rankings econômicos: mercado de trabalho, exportações, produtos agrários e matérias-primas em abundância, automóveis e energia. Já é o maior, antes de mais nada, e isso já explica muito, em população, algo que enfatiza a sua riqueza: em renda per capita é ainda um país pobre, que ocupa a colocação 99 no mundo. E está muito mal situado nas comparações internacionais em relação a liberdades públicas e direitos humanos.

A notícia pegou Obama em uma visita à Ásia, para onde enviou duas mensagens contraditórias: a de que defende os seus aliados asiáticos ante o irredentismo chinês sobre penhascos e ilhas vizinhas, e a de que não busca a polarização nem uma política de contenção para Pequim. O propósito da viagem era reafirmar o compromisso dos Estados Unidos com a região asiática do Pacífico, onde se encontra o pivô do mundo e onde o país deverá contar com um parceiro econômico que seguirá crescendo como seu principal rival geopolítico.

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