Meia centena de mortos em um ataque a uma base da ONU no Sudão do Sul
Os choques entre as etnias dinka e nuer provocaram milhares de vítimas e um milhão de pessoas deslocadas desde dezembro do ano passado
O Governo do Sudão do Sul confirmou a morte de ao menos 48 pessoas como consequência de um ataque que ocorreu nesta quinta-feira por homens armados contra os civis alojados em uma base da ONU na localidade de Bor.
Ateny Wek Ateny, porta-voz do presidente de Sudão do Sul, Salva Kiir, confirmou o balanço de mortos e assegurou que o Exército sul-sudanês enviou um contingente para proteger as instalações da missão das Nações Unidas.
"O exército chegou agora. Há ordens para que protejam a UNMISS para que não ocorra ataques contra ninguém", relatou Ateny.
Desde meados de dezembro de 2013, milhares de pessoas morreram e mais de um milhão foram deslocadas de seus lares no Sudão do Sul pelos confrontos entre os seguidores do presidente Kiir e os simpatizantes do ex vice-presidente Riek Machar.
O conflito que ocorre no Estado mais jovem da África tem um componente tribal, já que que Kiir é membro da etnia dinka e tem se enfrentado com Machar, da etnia nuer, pelo controle de várias localidades estratégicas do país até que assinou um acordo de cessar fogo no último dia 23 de janeiro.
O ataque desta quinta-feira contra a base da ONU, situado a cerca de 120 milhas ao norte da capital do país, Yuba, foi atribuído a cidadãos locais que queriam se vingar dos nuer pela perda da localidade de Bentiu.
"Os deslocados internos em Bor da comunidade nuer estavam celebrado a tomada de Bentiu por parte dos rebeldes e isto irritou a comunidade local", explicou o porta-voz presidencial. Os dinkas são a comunidade predominante nesta zona.
Os locais dinkas foram até a base da ONU para pedir que fossem realocados os 5.000 nuer e foram desalojados pela equipe da ONU. Depois da expulsão, se reagruparam e lançaram seu ataque contra os civis alojados na base.
Joe Contreras, porta-voz da Missão da Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS), afirmou que a segurança foi reforçada em suas bases em todo o país, que acolhem dezenas de milhares de pessoas, e solicitou ao Governo do Sudão do Sul que pesquise os fatos e pare aos responsáveis.
Pelo momento, não houve nenhuma detenção, segundo disse o ministro das Comunicações sul-sudanês, Michael Makuei, que pediu que esperem até que as investigações policiais terminem.