_
_
_
_
Eleições municipais na França

Os socialistas franceses pedem uma mudança para Hollande

O presidente tem as mãos atadas diante do desastre eleitoral que se prevê

O socialista Patrick Mennuccien em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira.
O socialista Patrick Mennuccien em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira.BORIS HORVAT (AFP)

Se a eleição municipal de 2008 é vista hoje como o princípio do fim da era Nicolas Sarkozy, o primeiro turno da de 2014 se converteu em um enorme quebra-cabeça para François Hollande e para a maioria socialista que governa a França desde 2012. O ministro do Trabalho, Michel Sapin, que é um bom amigo do presidente, enfatizou na terça-feira que “é necessário mudar” e “ter em conta a mensagem de raiva” que as urnas enviaram, enquanto prefeitos, assessores e deputados expressavam seu medo, em alguns casos verdadeiro pânico, que o voto de castigo sofrido pelos socialistas no domingo passado piore ainda mais nas eleições europeias de maio e constitua um desastre similar ao que sofreu o Partido Socialista (PS) em 2002, quando a Frente Nacional (FN) se colou no segundo turno das presidenciais.

Sapin atribuiu os maus resultados do PS e o forte crescimento do Frente Nacional a um “descontentamento” expresso de duas formas diferentes: "Alguns eleitores mostraram isso ficando em casa, e outros votando na FN”. Segundo o ministro, “evidentemente faz falta mudar, evoluir”. Mas isso só será feito após o segundo turno, ainda que o horizonte das eleições europeias de 25 de maio seja ainda mais terrível que o das municipais: as sondagens colocam a ultradireita como a força mais votada, e os socialistas em terceiro lugar. Alguns membros da maioria já temem, inclusive, que os verdes superem o PS e este chegue quarto ao quarto lugar.

A expressão francesa “remaniement” (ou crise de Governo) é um clamor no partido já há alguns meses, com o inacessível, germanófilo e frio primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, na mira de todas as críticas. Mas Hollande não moveu uma palha. Preferiu mudar de política a mudar de nomes. E agora tem as mãos atadas até depois das eleições para o parlamento da União Europeia. A virada neoliberal de janeiro, que ofereceu um pacto ao patronato e prometeu a redução de impostos para as empresas e um corte extraordinário da despesa pública de 164 bilhões de reais em três anos, deve ser apresentado ao Parlamento nas próximas semanas. Grande paradoxo: o presidente indeciso é refém de sua única decisão firme.

A rejeição ao homem que há dois anos prometeu fazer da juventude e da justiça social as prioridades de seu mandato já não se mede só nas péssimas pesquisas de popularidade, que o situam em 18% e com perspectiva de queda. Em sua primeira prova eleitoral depois da vitória, 61% dos jovens de 18 a 24 anos e 55% dos que têm entre 24 e 35 anos decidiu pela abstenção. Se a isso se somam os que votaram na Frente Nacional, a capacidade para autocombustão de Hollande estabelece níveis recordes.

Até Anne Hidalgo, que saia como clara favorita para ser a primeira prefeita de Paris, pediu ao Governo que reaja e avance. Rodeado de neoliberais, refugiado no Palácio do Eliseo e na política internacional, ansioso por fazer os deveres impostos por Angela Merkel, o social-democrata Hollande renunciou suas promessas e perdeu o apoio do povo que votou nele em 2012.

O presidente da Assembleia Nacional, Claude Bartolone, fez ontem uma análise sem concessões: “Em todo o país, a juventude nos abandonou, as classes populares nos deram as costas, as classes médias nos evitaram e as periferias e o campo se meteram debaixo da terra."

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_