Os EUA impõem à Rússia as sanções mais duras desde a Guerra Fria
Washington pode impor mais medidas se Moscou fizer questão de se anexar à Crimeia
Com o objetivo final de isolar a Rússia da comunidade internacional, Barack Obama anunciou nesta segunda-feira na Casa Branca uma série de sanções contra indivíduos que Washington considera responsáveis pela atual crise na Ucrânia depois do referendo deste domingo, que decidiu que a Crimeia se anexasse à Rússia. O presidente dos EUA advertiu a Vladímir Putin que se a escalada militar e de anexação não for freada, ele enfrentará “o isolamento internacional”. A Casa Branca considera as sanções impostas à Rússia as mais duras adotadas contra esse país desde o fim da Guerra Fria.
A reação da Casa Branca já era esperada. Os Estados Unidos responderam de maneira imediata ao referendo da Crimeia e, na primeira hora desta segunda-feira, anunciava o congelamento de ativos e a proibição de vistos a sete altos servidores públicos russos e quatro ucranianos, todos eles pessoas muito próximas ao presidente russo e diretamente envolvidas no desenho da política beligerante desse país na Ucrânia. Washington reserva a possibilidade de incluir outras pessoas em sua lista de sancionados se o Kremlin avançar para a anexação da península ucraniana ou incrementar suas manobras militares nesse país.
As sanções apontam para vários dos colaboradores mais próximos a Putin, entre eles Vladislav Surkov, um dos principais assessores do presidente russo, conhecido no Kremlin como o cardeal cinza, e Valentina Matviyenko, a presidenta da câmera Alta do Parlamento russo. Entre os servidores públicos ucranianos estão o autoproclamado novo primeiro-ministro da Crimeia, Sergei Aksyonov, e o porta-voz de seu Parlamento, Vladimir Konstantinov, além do deposto presidente ucraniano, Vícto Yanúkovich. A determinação dos nomes foi estabelecida em estreita coordenação com a União Europeia, que anunciou pouco antes sanções a 21 servidores públicos russos, sem publicar a sua identidade. “As listas se sobrepõem quanto a pessoas e categorias”, esclareceu um alto servidor público da Casa Branca durante a explicação das sanções.
Como já havia declarado antes do referendo, Obama insistiu nesta segunda-feira que o plebiscito da Crimeia foi “uma clara violação” da Constituição ucraniana e que o futuro da Ucrânia pertence ao seu povo. O mandatário agregou que Washington está mais que preparado para impor novas sanções à Rússia, caso o país não mude sua posição.
“Estamos prontos para impor mais sanções”, advertiu Obama em uma coletiva na Casa Branca depois de ter adotado nesta segunda-feira uma ordem executiva com as novas medidas. Os Estados Unidos também disseram que estão trabalhando para identificar os indivíduos que não estão no Governo, mas que o apoiam.
Depois de dividir em quatro pontos as novas medidas que Washington tomará contra a Rússia, o presidente –consciente de que suas possibilidades reais de atuar contra Moscou acabam com a imposição de sanções- voltou a declarar que em sua opinião ainda há tempo para resolver o atual conflito através "da diplomacia”.
Até agora, as decisões adotadas pelos EUA para isolar economicamente a Rússia em represália por suas manobras na Ucrânia e na Crimeia não serviram para convencer Putin a cessar a intervenção militar no país. No entanto, o Governo de Obama se mostrou convencido de que as novas medidas vão aumentar a pressão e vão conseguir um efeito a médio e longo prazo. “Estamos seguros de que estas ações vão ter um impacto na economia russa. Desde a invasão, a bolsa de Moscou caiu 14% e o rublo tem se depreciado em relação ao dólar. O número dois do Ministério de Economia russo reconheceu o efeito negativo que a crise ucraniana está tendo nos cofres russos”, lembrando do citado alto servidor público.
A crise da Crimeia tem transtornado como nunca a relação bilateral entre os EUA e a Rússia. No entanto, a Casa Branca não acha que esse pacote de medidas afete outras empresas internacionais nas quais ambos países têm interesses comuns, como a Síria e o Irã. “Moscou está muito comprometida nessas áreas e esperamos que a tensão não se estenda a esses assuntos”, reconheceu o Governo norte-americano.
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