EUA responderão à Rússia com sanções iminentes
Washington prevê o congelamento dos bens de envolvidos na ocupação da Crimeia
Desde que o Parlamento pró-Rússia da região ucraniana da Crimeia anunciou a convocação de um referendo secessionista, os Estados Unidos, através de seu presidente e de outros membros do Governo, deixaram claro que não reconheceriam o resultado da votação por esta ser contrária à legislação internacional e à Constituição da Crimeia. No mesmo dia da consulta, o secretário de Estado, John Kerry, voltou a reiterar essa mesma postura a seu colega russo, Serguei Lavrov, por telefone, bem como o pedido de que Moscou retire as suas tropas da Crimeia, segundo fontes do Departamento de Estado.
Ambos estiveram tratando, sem sucesso, de relaxar a tensão sobre a Ucrânia na sexta-feira em Londres durante uma reunião de seis horas na qual o chefe da diplomacia norte-americana advertiu que a adoção de sanções por Washington seria iminente se a Rússia não depusesse sua atitude ou desse passos para a anexação da península ucraniana.
“Vamos colocar a maior pressão possível para tratar de que a Rússia adote a decisão correta”, assinalou a um programa de TV Dan Pfeiffer, um dos principais assessores do presidente Barack Obama. A Casa Branca trabalhou ao longo desta semana em uma lista de funcionários russos e ucranianos de alto escalão aos quais deverá impor proibições de vistos. A administração norte-americana está em coordenação também com seus parceiros da União Europeia na seleção de pessoas que participem da evasão ilegal de divisas e da invasão da Crimeia, e que seriam alvos de outras sanções, como o congelamento de seus ativos ou a proibição para que façam negócios com os EUA e a Europa. Kerry assegurou nesta semana que, se o referendo fosse realizado, a primeira concretização dessas medidas seria conhecida hoje mesmo.
Se, como parece, o Kremlin faz questão de reconhecer o resultado da consulta e em favorecer a incorporação do território da Crimeia à Federação Russa, as sanções por parte do Ocidente iriam além, alcançando, de acordo com os analistas, bancos e outros setores financeiros russos, além da exclusão deste país de outros encontros internacionais, o que se somaria ao boicote da cúpula do G-8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia) do próximo mês de junho em Sochi, confirmado pelo restante dos Estados-membros da associação. “Eles sabem que suas ações vão ter custos. Quanto mais aumentarem a tensão, mais duras, maiores vão ser”, advertiu Pfeiffer.
Enquanto a Casa Branca se prepara para impor suas próprias sanções, no Capitólio republicanos e democratas também trabalham nas leis que contemplam mais medidas de punição e que, esperam, se apliquem em coordenação com a Europa. “Se a Rússia aceitar a anexação da Crimeia, estamos dispostos a adotar sanções muito duras”, advertiu o chefe do Comitê de Assuntos Exteriores do Senado, o democrata Bob Menéndez. A colaboração com Bruxelas é essencial para que o isolamento que se pretende submeter a Moscou tenha sucesso, uma vez que a relação comercial entre os EUA e a Rússia é paupérrima. No ano passado, o intercâmbio alcançou chegou a 40 bilhões de dólares, 1% do total das exportações norte-americanas.
Vários falcões republicanos, no entanto, já se manifestaram a favor da adoção de medidas mais contundentes, que passam inclusive pela assistência militar à Ucrânia, como propôs John McCain, que acaba de visitar o país junto com um grupo de outros sete senadores. Muitos atribuem à “indecisão e à fragilidade” mostradas por Obama em outras crises internacionais a atitude desafiadora de Putin. “Não há dúvida de que essa administração fomentou um ar de permissividade”, reconheceu ontem Bob Corke, o máximo representante republicano no Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara Alta.
O Governo atualmente no poder da Ucrânia solicitou aos EUA ajuda militar, incluindo armamento e assistência em matéria de inteligência, mas, por enquanto, o Pentágono não autorizou nenhum envio para evitar um aumento da tensão na região.
Por ora, o Governo Obama segue apostando na via diplomática para resolver o conflito. Kerry reiterou isso a Lavrov ontem. “Esta crise só pode ser resolvida politicamente”, destacou. A Casa Branca anunciou na sexta-feira que o vice-presidente Joe Biden viajará nesta semana à Polônia e à Lituânia para abordar a crise com os países vizinhos.
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