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Forças dos EUA detêm um petroleiro carregado e tomado por rebeldes líbios

O grupo de operações especiais da Marinha norte-americana resgata no Chipre a embarcação Morning Glory, carregada ilegalmente com petróleo pelas milícias líbias

Fuzileiros norte-americanos em uma operação de resgate em 2002.
Fuzileiros norte-americanos em uma operação de resgate em 2002.MICHAEL PENDERGRASS (AFP)

O petroleiro Morning Glory já navega de volta a um porto desconhecido da Líbia com seus 234.000 barris de petróleo a bordo. Viaja escoltado pelo destroyer Roosevelt e o porta-aviões norte-americano George H. W. Bush. A operação de resgate empreendida na noite deste domingo pela SEAL (acrônimo para "sea", "air" e "land", ou mar, ar e terra, em português), grupo especial da marinha norte-americana, foi limpa, sem baixas nem feridos e foi executada com todos os elementos próprios de um filme de ação com final feliz. As milícias rebeldes líbias, que permitiram há dez dias que o barco fosse carregado contra as ordens e o bloqueio das autoridades, fracassaram desta vez.

O presidente Barack Obama deu a ordem para a ação de seu gabinete em Washington. Eram 22h de domingo. Na costa em frente à capital do Chipre aguardavam os comandos do destroyer Roosevelt, com seus fuzileiros treinados para esse tipo de abordagem, além de lanchas rápidas e vários helicópteros. A 18 milhas da principal cidade cipriota estava atracado o Morning Glory, um navio de bandeira difusa, que no último dia 8 se deu ao luxo de entrar no porto rebelde líbio de Es Sider para ser carregado com petróleo apenas com a permissão das milícias que tomaram essa região de Sirte.

EL PAÍS

As autoridades políticas líbias não conseguem manter o país, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), sob seu controle faz tempo. E menos ainda o porto chave de Sirte, comandado pelo rebelde federalista Ibrahim Jadhran, de 33 anos, até então responsável oficial pela vigilância a esses enclaves petrolíferos desde que ajudou há três anos a derrocar o ditador Muamar Gadafi. Mas agora o comandante rebelde manipula nesses portos, de acordo com sua vontade, petróleo e barcos, e reclama para essa região do país mais autonomia sobre a riqueza gerada pela commodity.

A produção de petróleo, obviamente, sofre com isso. Dos quase 1,5 milhão de barris diários produzidos ainda na época de Gadafi, se chega hoje à metade, o que gera instabilidade no preço do combustível.

O cargueiro, além disso, enchia seus porões ilegalmente com petróleo da Companhia Nacional de Petróleo e do consórcio norte-americano Waha. Contornou o bloqueio e entrou no porto de Es Sider. O ex-primeiro-ministro Ali Zidan conseguiu, inclusive, que o enfraquecido Parlamento líbio concedesse poderes especiais à armada do país para evitar sua saída e que o mesmo fosse carregado. Até 13 embarcações da marinha tentaram sem sucesso cercar Es Sider. Na madrugada de 11 de março os rebeldes conseguiram levá-lo quase cheio de petróleo a águas internacionais, apesar de todas as ordens e até de troca de tiros.

O Departamento de Estado norte-americano, que foi o que revelou ontem a operação, contou que não houve feridos, segundo o porta-voz do Pentágono John Kirby. Também afirmou que a sua participação era resultado de pedidos dos governos do Chipre e da própria Líbia, e que o navio retornava à Líbia protegido por seus fuzileiros navais.

O que não está nada claro ainda é de quem é o petroleiro e sobre quem recairiam os benefícios de seu carregamento. Quando o navio foi abordado, foram detidos dois israelenses e um senegalês, que serão julgados de acordo com as leis nacionais e internacionais. Sobre eles só se sabe que aterrissaram na sexta-feira à tarde em Lárnaca, na costa sudeste do Chipre, que alugaram um bote e se dirigiram ao cargueiro para negociar uma possível venda do petróleo.

O cargueiro tinha inicialmente bandeira norte-coreana. Mas Pyongyang negou a propriedade da embarcação e há três semanas retirou qualquer autorização sua por “violar a lei de registro e de contrato que proíbe o transporte de contrabando”. Então especulou-se que teria mudado de bandeira, de propriedade e de nome através de uma firma egípcia.

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