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O Exército dos EUA alerta que a Venezuela avança para a catástrofe

O chefe do Comando Sur sugere que no seio das Fuerzas Armadas venezuelanas há divisão sobre a deriva do país mas que, por enquanto, são leais a Maduro

Eva Saiz
O chefe do comando Sur de EUA, John Kelly, durante seu comparecimento no Senado.
O chefe do comando Sur de EUA, John Kelly, durante seu comparecimento no Senado.M. NGAN (AFP)

“A Venezuela está se esfacelando diante de nós e, se não ocorrer um milagre, como a reconciliação da oposição com o Governo de [Nicolás] Maduro, vai precipitar para a catástrofe econômica e democrática”. Foi com esse tom pessimista que o general John Kelly, chefe do comando Sul dos Estados Unidos –que reúne a região da América do Sul, América Central e Caribe- falou sobre a crise que a Venezuela enfrenta e já causou a morte de 30 pessoas. O regime venezuelano está apertando o cerco à internet.

A instabilidade nesse país dominou a maior parte da fala de Kelly durante sua audiência no Comitê de Assuntos Armados do Senado. No encontro, o General da Marinha manifestou sua preocupação com “a degradação” democrática da Venezuela e disse estar confiante em que os próprios venezuelanos “resolvam” esta situação “sem que tudo saia do controle e cause uma violência ainda maior”.

“A Venezuela está se esfacelando diante de nós e, se não ocorrer um milagre, como a reconciliação da oposição com o Governo de [Nicolás] Maduro, vai precipitar para a catástrofe econômica e democrática” General John Kelly

A presidenta brasileira, Dilma Rousseff, delegou à Unasul esta função. O general disse não ter contato militar com as Forças Armadas venezuelanas, mas afirmou que, “por enquanto”, seus comandos continuam sendo leais ao presidente Nicolás Maduro. No entanto, sugeriu que em seu seio “provavelmente existam pressões”. Kelly chamou a atenção para o fato de que, até agora, Maduro apele à polícia, não ao Exército, para enfrentar os protestos. “Isso diz bastante sobre a opinião que o Governo tem sobre o que os militares podem fazer”, assinalou.

Os senadores do comitê fizeram várias perguntas sobre a presença e o grau de envolvimento de países como Cuba e Rússia –que recentemente manifestou seu desejo de estabelecer uma base na Venezuela- na crise venezuelana e desempenhar um papel na estratégia de “repressão” por parte do Governo chavista. Interpelado a respeito pela senadora republicana e queridinha do Tea Party, Kelly Ayotte, o general foi preciso para esclarecer que quem exerce realmente “influência” no país sul-americano é Cuba. “Há assessores militares e de inteligência no terreno”, disse o general.

A situação na Venezuela preocupa o Capitólio e prova disso é que, na quarta-feira, o secretário de Estado, John Kerry, foi perguntado sobre a política americana em relação a essa crise. O chefe da Diplomacia norte-americana reconheceu que o Governo se reserva o direito de impor multas, mas que, por enquanto, prefere que o resto dos países da região fomentem o diálogo entre o Governo e a oposição. O Senado está disposto a aplicar medidas punitivas o quanto antes e deixou isso claro ao aprovar na mesma tarde ao aprovar por unanimidade um resolução que insta o presidente Barack Obama a autorizar a proibição de vistos e a congelação de ativos particulares de quem está participando, de maneira direta ou indireta, na violação de direitos humanos na Venezuela.

O chefe do comando Sul também foi perguntado sobre a conveniência e os potenciais efeitos dessas multas. “Eu diria que quanto mais se limita a sua liberdade de movimentos e suas contas bancárias neste país [por EUA maior efeito terá em suas reflexões sobre o futuro”, sustentou. “Qualquer coisa que possa ser feito para que comecem a tratar melhor sua gente, para que deem um passo atrás e se afastem do caminho que tomaram, será muito benéfica para o maravilhoso povo da Venezuela.”

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