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Kiev mobiliza o Exército para o combate

O novo Governo ucraniano afirma que os locais estratégicos, como aeroportos ou plantas nucleares, estão protegidos

Silvia Blanco
Uma mulher homenageia os mortos durante os protestos que derrubaram o presidente ucraniano, Víctor Yanukóvich.
Uma mulher homenageia os mortos durante os protestos que derrubaram o presidente ucraniano, Víctor Yanukóvich.SERGEY DOLZHENKO (EFE)

Com uma atitude grave, o novo primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, pediu ontem à Rússia que retire o Exército do território ucraniano. “Estamos preparados para nos defender”, afirmou em um discurso ao vivo pela televisão. “Se ocorrer uma agressão, isso significaria a guerra e cessariam todas as nossas relações com a Rússia”, disse depois de uma reunião de emergência com os chefes de segurança do país. Kiev respondeu pondo em alerta seu Exército diante da autorização do presidente russo, Vladímir Putin, de utilizar tropas russas na península do mar Negro. Junto de Yatseniuk estava o presidente interino, Alexander Turchinov, que assegurou que os locais estratégicos do país, como aeroportos ou plantas nucleares, estão protegidos. Ele pediu calma aos cidadãos. “Em caso de ataque, temos um plano de resposta”, garantiu. Por sua vez, o ministro de Assuntos Exteriores, Serguéi Deshchiritsya, pediu ajuda à OTAN para proteger a integridade territorial da Ucrânia.

A Ucrânia atravessa um momento crítico. Está à beira da bancarrota e imersa em uma crise política que tem exacerbado as tensões territoriais nos últimos dias. Está previsto que o Parlamento realize neste domingo uma sessão extraordinária para abordar a situação na Crimeia e decidir se vai declarar Estado de sítio.

A decisão russa inflamou os ânimos rapidamente. O ex-boxeador Vitali Klichkó, um dos principais líderes dos protestos e candidato presidencial às eleições de 25 de maio, solicitou que seja declarada “mobilização geral depois do início de uma agressão russa contra a Ucrânia”. Os extremistas do Setor de Direita de Maidán –um grupo nacionalista que enfrentou com violência os grupos antimotins durante os protestos—publicaram uma lista de telefones na cada cidade para recrutar voluntários para a mobilização. Eles solicitam à população que se prepare e se arme. Além disso, o partido de extrema direita Svoboda (Liberdade) se pronunciou em um comunicado: “a decisão russa de permitir ao Exército entrar na Ucrânia significa a guerra, e a Ucrânia precisa se mobilizar.”

Horas antes, milhares de pessoas em Kiev marchavam para a praça da Independência e para as ruas próximas para homenagear as dezenas de mortos na repressão policial da semana passada. Em uma amanhã cinza e úmida, famílias com crianças passeavam perto da sede do Governo, fotografavam os carros queimados, as montanhas de flores e olhavam os rastros da batalha. O ambiente era solene e silencioso. Além de um carro com bandeirinhas ucranianas e duas cartolinas que diziam: "Putin, que se foda!”, a maioria manifestava preocupação pela Crimeia, mas também confiança que esse conflito não iria piorar mais. Depois da autorização de Putin de usar as tropas russas na península, dezenas de homens se reuniram diante da Embaixada russa em Kiev. O medo e a chateação começaram a aparecer e desembocaram nas redes sociais, onde os insultos a Putin se misturam com os que pedem que a Ucrânia se una à OTAN. As redes sociais também estão inundadas com a palavra guerra como algo mais tangível que uma hipótese.

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