Violência no Rio de Janeiro reforça pressão por segurança
Já estão convocadas 100.000 pessoas para garantir a ordem durante os jogos da Copa. Polícia pede prisão temporária de suspeito de ter acionado rojão que matou cinegrafista
A morte do cinegrafista Santiago Andrade despertou reações pelo aumento da segurança para a Copa do Mundo e para os profissionais de mídia que cobrem as manifestações. Ao mesmo tempo em que a presidenta Dilma Rousseff pediu rigor nas investigações sobre os responsáveis pela morte de Andrade, entidades de jornalismo reforçavam o pedido por segurança. Na noite desta segunda-feira, o titular da 17ª delegacia de polícia no Rio, no bairro de São Cristóvão, afirmou ainda que pedirá a prisão temporária do suspeito de acionar o rojão que matou o cinegrafista. O tatuador Fábio Raposo, que admitiu ter entregado o explosivo para ele, fez a sua identificação em imagens para a polícia. O nome do suspeito ainda não foi divulgado.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) declarou que a violência sistemática contra profissionais de comunicação constitui “atentado à liberdade de imprensa” e pediu a punição dos responsáveis pelos atentados. Até agora, foram 117 casos de agressão e hostilidade, tanto por manifestantes, quanto por policiais, informa a Abraji.
Já a Associação Profissional dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (Arfoc) do Rio de Janeiro chamou os black blocs de “criminosos”. Em nota sobre o assunto, a entidade chamou os manifestantes que se vestem de preto de “grupo de criminosos, agora, assassinos”. "Nós, jornalistas de imagem, exigimos que as autoridades de segurança do Estado do Rio de Janeiro instaurem, imediatamente, uma investigação criminal para apurar quem defende, financia e presta assessoria jurídica a esse grupo de criminosos, hoje assassinos, intitulados “Black Blocs”, que agridem e matam jornalista e praticam uma série de atos de vandalismo contra o patrimônio público e privado."
Para a Copa, propriamente dita, já estão convocados pelo menos 100.000 servidores da área de segurança pública e da defesa civil, segundo a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (SESGE) do Ministério da Justiça brasileiro. Policiais militares e civis, rodoviários e federais, além de bombeiros, compõem esse número. Um plano nacional com o total de agentes e outras ações a serem empreendidas deverá ser lançado na próxima quarta-feira. Deverão se unir a esses esforços de segurança no Mundial oficiais das Forças Armadas, ligadas à pasta da Defesa.
Protocolo de segurança
Enquanto isso, no Congresso, a Comissão Temática do Conselho de Comunicação Social defendeu a federalização das investigações dos crimes contra profissionais da imprensa e a criação de um observatório nacional para uniformizar as estatísticas sobre a violência contra jornalistas. Outra proposta é a adoção de um protocolo de segurança entre as empresas de comunicação e os empregados.
A Arfoc foi mais longe, e responsabilizou as empresas jornalísticas pela morte do profissional. "Santiago é mais uma vítima da irresponsabilidade das empresas jornalísticas, que se recusam a fornecer equipamentos de segurança, treinamento e estabelecer como regra primordial de segurança o impedimento do profissional trabalhar sozinho. É o terceiro jornalista morto durante o exercício profissional, pela violência que se banalizou no Rio de Janeiro. Até quando vamos ter que chorar e enterrar mais um companheiro?" diz a nota, assinada pelo presidente da Arfoc-Brasil, Luiz Hermano, e da Arfoc-Rio, Alberto Jacob Filho.
O fato ofuscou duas manifestações que estavam marcadas para hoje, no Rio, contra o aumento da passagem de ônibus, e que reuniram não mais de 1000 participantes. Profissionais do Rio renderam homenagem a Andrade. Cinegrafistas e fotógrafos deixaram suas câmeras no chão e promoveram aplausos por um minuto em memória do colega morto.
A mobilização, convocada para a Estação Central do Brasil, que foi o cenário dos últimos distúrbios, aconteceu sem grandes incidentes. Os manifestantes cantaram slogans contra o aumento da tarifa e convidaram os motoristas a se juntar aos protestos. “Motorista, cobrador, diga aí se seu salário também aumentou”, cantaram os participantes tentando criar um ambiente mais descontraído. Durante a passeata, que culminou na emblemática praça da Cinelândia, também se ouviram slogans contra o governador do Rio, Sergio Cabral. Um draconiano aparato policial, com abundante presença de agentes do Batalhão de Choque de a Polícia Militar, manteve o controle dos manifestantes a todo momento.
No início da noite, em um momento de dispersão da mobilização, foram vistos momentos isolados de tensão depois da detenção de alguns indivíduos.
Outra manifestação está marcada para os próximos dias. No Facebook, um grupo chama os internautas para as próximas manifestações intituladas “Segundo grande ato em 2014 contra a Copa”, dia 22 de fevereiro, na Praça da República, em São Paulo. Mais de 9.500 mil pessoas já confirmaram presença. No dia 25 de janeiro, em São Paulo, aconteceu o primeiro ato, quando um manifestante foi alvejado pela polícia com balas de borracha.
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