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Falece o terceiro operário na construção da Arena Amazônia

Antônio José Pita Martins, um português de 55 anos, foi atingido por uma barra de ferro. As obras da Copa já somam sete mortos

Trabalhadores circulam a área onde ocorreu o acidente.
Trabalhadores circulam a área onde ocorreu o acidente.AFP

As obras dos estádios brasileiros que receberão os jogos da Copa tiveram sua sétima vítima. Antônio José Pita Martins, português de 55 anos, trabalhava nas obras da Arena Amazônia, um dos cinco estádios que não estão concluídos para a Copa, que começa em 12 de junho. Às 8h da manhã (10h no horário de Brasília), Martins sofreu um traumatismo craniano depois que uma peça solta de ferro caísse de um guindaste, fora do estádio.

O acidente ocorreu em uma área que corresponde ao trajeto entre o estádio e o Centro de Convenções, local onde serão realizadas atividades durante a Copa, informou a Unidade Gestora do Projeto Copa no Amazonas (UGP Copa). Martins passou o dia em estado grave, com múltiplas lesões no tórax e um traumatismo craneoencefálico. Martins, que trabalhava para a empresa Martifer, responsável pela estrutura metálica do estádio, e faleceu no final da tarde no Hospital João Lúcio, especializado em traumatologia, na capital Manaus. A empresa para a qual trabalhava era uma subcontratada da construtora Andrade Gutiérrez, responsável pelas obras da fachada e cobertura do estádio.

O incidente obrigou o governador do estado, Omar Aziz, a cancelar a visita que estava prevista para esta manhã. As obras não foram paralisadas imediatamente mas, após a morte, houve mobilização dos trabalhadores. Com o chamado do sindicado da categoria no estado, o Sintrecomec, anunciaram uma greve até a próxima segunda-feira. O presidente do sindicato, Cícero Custodio, disse que a continuidade da greve dependerá da avaliação dos bombeiros e da polícia sobre a segurança da obra para os trabalhadores. Como grande parte dos trabalhos não estão concluídos, Custodio afirmou que será "impossível" entregá-lo à Fifa em março. 

A preocupação é que não fique pronto a tempo da primeira etapa da Copa. A Arena Amazônia irá receber os jogos: Camarões-Croácia (18 de junho, grupo A), Inglaterra-Itália (dia 15, grupo D), Honduras-Suíça (25, grupo E) e Estados Unidos-Portugal (22, grupo G), todos na primeira fase.

Martins é o terceiro trabalhador que morre durante a construção da Arena Amazônia, cuja interdição foi solicitada pelo Ministério Público em dezembro do ano passado – algo que não se cumpriu. O primeiro trabalhador, Raimundo Nonato Lima, de 49 anos, faleceu em março depois de cair de uma altura de cinco metros enquanto trabalhava em um andaime. Em dezembro, Marcleudo de Melo Ferreira, de 22 anos, despencou de uma altura de 35 metros enquanto trabalhava com um guindaste, consertando a cobertura. A construção da Arena Corinthians também cobrou duas vidas em novembro, depois que uma estrutura metálica destruísse também parte da cobertura do estádio. O mesmo ocorreu com o estádio de Brasília, onde um operário caiu de uma altura de 30 metros em junho passado. Com a morte de Martins, são sete vítimas mortais durante a construção dos estádios nos últimos meses. Apesar de que o que ocorreu em São Paulo, na Arena Palestra (depois que uma viga que mantinha o teto do estádio caísse) não entra totalmente na conta, já que o estádio não vai receber nenhum jogo durante o evento.

As vítimas não são o único problema para os organizadores da Copa. Além dos estádios que estão com a entrega pendente, Manaus, Porto Alegre, Cuiabá, São Paulo e Curitiba, há atrasos em obras de energia, aeroportos, mobilidade e infraestruturas viárias. Semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) disse que das 148 obras previstas para ampliação da rede de transmissão de energia, 33 estão atrasadas. Em um relatório, falou que a exigência da Fifa para que os estádios e áreas adjacentes tenham dupla alimentação de energia “possivelmente não será atendida”. Na última semana, Brasil sofreu inúmeros apagões em 13 estados.

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