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O terrorismo golpeia o quartel general da segurança no Cairo

Um ataque suicida com um carro bomba causa quatro mortos e mais de 70 feridos Outras duas explosões menores deixam um morto e 15 feridos, vários deles policiais O ataque ocorreu na véspera do aniversário da revolução que depôs Mubarak

Fachada da sede da policial destroçada pela explosão.Foto: reuters_live | Vídeo: Reuters-LIVE! / AFP

Um atentado suicida contra um dos principais complexos de segurança no centro da cidade do Cairo causou ao menos quatro mortos e 76 feridos nesta sexta-feira. O objetivo era um complexo que inclui a sede da polícia e da segurança do Estado. Uma segunda explosão, três horas depois, causou a morte de um policial e ferimentos em quinze pessoas perto de uma estação de metrô da capital. Minutos depois houve ainda mais uma explosão num subúrbio do Cairo, sem vítimas. Essa onda de ataques aumenta a preocupação diante da escalada da insurreição islâmica no Egito meio ano depois do golpe militar que depôs o presidente Mohamed Morsi, dos Irmãos Muçulmanos.

A primeira explosão, de grande potência, sacudiu o centro da capital egípcia pouco antes das sete da manhã (quatro horas a menois no horário de Brasília) e danificou seriamente a fachada do Comando de Segurança, situado no cêntrico distrito de Bab al-Jalk. A explosão pode ser ouvida nos bairros adjacentes. O atentado, o último de uma série de ataques, ocorre na véspera da celebração do terceiro aniversário da revolução que depôs o ditador Hosni Mubarak.

A polícia afirma que um terrorista suicida dirigia o carro carregado de explosivos. Algumas testemunhas disseram que homens armados montados em motocicletas abriram fogo contra as instalações policiais logo depois da explosão. Outra bomba de pouca potência explodiu umas três horas mais tarde perto de uma estação de metrô no bairro de Dokki, provocando uma morte e 15 feridos, entre eles vários policiais. Minutos depois, um artefato rudimentar explodiu perto de uma delegacia em Giza, o subúrbio próximo à capital do Egito onde se encontram as pirâmides, sem causar vítimas mortais.

Até agora nenhum grupo se responsabilizou pelos ataques. Entretanto, existe um suspeito principal: Ansar Bait al-Maqdis (“apoiadores de Jerusalém”, em árabe), uma organização jihadista sediada na península do Sinai que reivindicou os atentados mais audazes e violentos dos últimos meses, como aquele que tirou a vida de vinte pessoas numa cidade de Mansura, em dezembro passado.

Apesar de Ansar Bait al-Maqdis ter assumido a autoria daquela ação, as autoridades egípcias preferiram atribuir a responsabilidade aos Irmãos Muçulmanos, o movimento islamista que ganhou as primeiras eleições livres após a revolução. Na sequência daquele atentado, o governo declarou a Irmandade “organização terrorista” e intensificou a política de repressão iniciada após o golpe que depôs o presidente islâmico Mohamed Morsi, e que resultou na prisão de praticamente a totalidade da cúpula do movimento e na morte de centenas de seus simpatizantes e membros.

O atentado ocorre às vésperas de um final de semana que se prevê tenso, pois se celebra o terceiro aniversário da revolução egípcia. Tanto os Irmãos Muçulmanos, como os jovens revolucionários de tendência laica e os seguidores do governo, apadrinhado pelo exército, anunciaram sua intensão de tomar as ruas nesse sábado. As forças de segurança reforçaram as medidas de segurança, fechando a praça Tahrir para evitar que seja ocupadas por simpatizantes islamistas.

O país árabe atravessa uma grave crise política, pois o golpe de estado dividiu a sociedade egípcia e desencadeou a violência, além de prejudicar fortemente os investimentos e o turismo. O novo regime recebeu um verniz de legitimidade democrática na semana passada graças à aprovação da nova Constituição em referendum, com um apoio popular de 98%. Entretanto, numerosos observadores indicaram que não houve as mínimas condições para um debate livre, já que vários ativistas foram presos por estarem fazendo campanha nas ruas a favor do “não”.

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