_
_
_
_
Protestos na Ucrânia

As esperanças de uma resolução política na Ucrânia se mantêm

As ruas de Kiev continuam tranquilas mesmo com a ocupação por parte de grupos radicais do ministério de Agricultura

Imagens dos protestos desta manhã em Kiev, Ucrânia.Foto: atlas
Pilar Bonet

O ponto depois do qual não há volta não se alcançou ainda. Foi o que disse nesta sexta-feira Leonid Kravchuk, que foi o primeiro presidente da Ucrânia depois da desintegração da União Soviética, enquanto as autoridades davam sinais de que a via política segue ainda aberta, já que a convocação para celebrar uma sessão extraordinária do parlamento no dia 28 de janeiro se mantém.

Em uma entrevista para o canal de televisão Inter, Kravchuk propôs que o primeiro-ministro, Mykola Azárov, se demitisse voluntariamente para desbloquear a crise. O ex-presidente lembrou que durante seu mandato (1990-1994) três primeiros-ministros apresentaram sua demissão voluntariamente, e assinalou que qualquer chefe de Governo ou ministro, diante da situação, poderia sacrificar suas ambições em nome da paz na Ucrânia. Diante da crise, Kravchuk adotou um papel moderador e alternada observações críticas com outras de aprovação, segundo seu critério, a ambas as partes em conflito. O primeiro-ministro da Ucrânia, Mykola Azárov, está participando nesse momento do Fórum de Davos, na Suíça.

Na madrugada da sexta-feira os líderes da oposição, Vitali Klichkó, Oleg Tiagnibok e Arseni Yatseniuk, explicaram de forma confusa e com pouca perícia o resultado da reunião de quase cinco horas que mantinha na quinta-feira com o presidente Víctor Yanukóvich. Os manifestantes que lhes esperavam nos arredores da sede de Governo assobiaram e repreenderam Klichkó e recusaram o trato (proposto pelas autoridades) de retroceder à mudança de que começassem a ser postos em liberdade os detentos na última onda de conflitos. A rejeição deste ponto foi interpretada como o abandono das conversas com Yanukóvich. Não obstante, qualquer que seja o futuro do diálogo mantido na quarta-feira e na quinta-feira, a convocação de uma sessão extraordinária da Rada Suprema (parlamento ucraniano) é um elemento de otimismo. O chefe do Parlamento, Vladímir Ribak, assegurou que o objetivo da sessão é tratar sobre a crise e deu garantias de que a ordem do dia do parlamento não contempla a aprovação do Estado de exceção, tal como muitos temiam. Ribak disse que terá que esperar o começo das sessões ordinárias da Rada, que se iniciam em 4 de fevereiro, para propor o cessar ao governo.Também disse que as polêmicas leis aprovadas no dia 16 de janeiro (que dão mais poder à polícia e restringem as liberdades cívicas) podem ser alteradas.

A tranquilidade se mantém nesta sexta-feira nas ruas de Kiev, mesmo com a ocupação por parte de grupos radicais do ministério de Agricultura durante a madrugada, o que de fato supõe a ampliação da zona de influência do “Euromaidan”. Pelo que se vê, esta ampliação de presença na rua não é por enquanto incompatível com a via política. As autoridades não conseguiram que os líderes da oposição garantissem que controlam os radicais, tal como disse a ministra de Justiça, Elena Lúkash. Yanukóvich desconfia da rua e a rua desconfia de Yanukóvich e os ativistas que construíram barricadas e se fizeram forte nos acessos ao bairro do Governo não estão dispostos a dar passos que possam ser aproveitados para lhes roubar o que acham ter conseguido.

Diante da ameaça de violência incontrolada e da selvageria da “via revolucionária”, tanto o presidente Yanukóvich como os líderes da oposição estão objetivamente interessados em buscar uma via pacífica de saída de um conflito que pode os transbordar de todos os lados. E ambas partes têm motivo para ter medo dos provocadores. As vaias e apitos com os que o motim acolheu Klichkó na madrugada da sexta-feira são um sinal da dificuldade para manter as relações pacíficas e da difícil relação dos líderes com as massas que têm sua própria dinâmica.

Por outra parte, Yanukóvich nomeou como chefe da Administração Presidencial Andréi Kliuyev, quem até agora vinha desempenhando o cargo de secretário do Conselho de Segurança. Um juiz de Kiev ordenou a libertação do último ativista detento pelos confrontos nos acessos à sede da presidência no último dezembro. As acusações contra ele foram retiradas. O ministério do Interior informou à agência UNIAN que está preparando uma provocação na qual haverá uma vítima ferida de bala calibre 5,45 milímetros. O ministério do Interior “encoraja os ativistas radicais a não recorrer a ações extremistas dirigidas a desencadear uma guerra civil”, assinala a informação da agência. O ministério comunicou também que os servidores públicos desta instituição se esforçarão para que sejam detentos e castigados os transgressores de acordo com a lei da legislação da Ucrânia.

Os protestos se estendem para fora de Kiev

Grupos de manifestantes tomaram nesta quinta-feira a sede da delegação do governo da Ucrânia na região ocidental de Lvov, tradicional opositor e pró-europeu, e obrigaram a apresentar a demissão do delegado do Executivo, Oleg Salgo.

"Ao ver as pessoas descontroladas em ausência de um líder e ao entender que não estavam dispostos a dialogar, e como também estava preocupado com a segurança dos servidores públicos da delegação, assine a carta" de demissão", assegurou Salgo aos meios locais.

Uns dois mil partidários da oposição dirigiram-se ao edifício governamental para "tomar o poder e entregá-lo aos deputados da Assembleia regional.

A princípio, os opositores só se propunham a bloquear a sede da delegação, mas então vários manifestaram gritaram "Entremos" e "Revolução", e irromperam em massa no prédio.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_