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Uma caravana de mães procura seus filhos imigrantes desaparecidos no México

O Movimento Migrante Mesoamericano percorrerá 22 localidades do país entre os dias 2 e 18 de dezembro

Paula Chouza
Várias mulheres colocam retratos de migrantes desaparecidos durante a nona caravana.
Várias mulheres colocam retratos de migrantes desaparecidos durante a nona caravana.EFE

Emeteria Martínez era hondurenha, camponesa, empregada doméstica, mas, acima de tudo isso, mãe. Ela foi uma das pioneiras na caravana de busca por familiares desaparecidos na América Central, que neste ano chega à sua nona edição. Emeteria faleceu em janeiro, e a peregrinação deste ano leva seu nome, porque sua luta serve de exemplo para muitas outras. Em novembro de 2010, ela encontrou sua filha, Ana Marlén, no Estado do México, a poucos quilômetros da capital. Havia passado 20 anos à procura dela, e a moça, casada, já tinha 40 anos quando se reencontraram. Nas entrevistas concedidas à imprensa mexicana naquele momento, Emeteria repetiu que “a alma havia voltado” ao seu corpo.

Nesta segunda-feira, 2 de dezembro, a caravana organizada pelo Movimento Migrante Mesoamericano chegou ao México depois de cruzar a fronteira da Guatemala, onde iniciou sua viagem. A marcha está integrada por cerca de 40 mães de migrantes de El Salvador, Nicarágua, Honduras e Guatemala, que procuram seus filhos desaparecidos em algum ponto da rota rumo aos Estados Unidos. Entre os dias 2 e 18 de dezembro, elas percorrerão 22 localidades de até 14 entidades do país com um total de 3.958 quilômetros.

Segundo informou o movimento, dessa vez a caravana de mães “não passará pela Rota do Golfo nem chegará aos Estados fronteiriços do norte, irá aparecer no início da Rota do Pacífico, Guadalajara, pela qual se desviará do fluxo migratório da denominada Rota do Diabo, procurando evitar o alto grau de violência das rotas históricas e da zona noroeste do país”.

Em cada um dos locais de visita, a caravana conta com o suporte de associações e entidades locais, que oferecem abrigo aos participantes. As instituições mexicanas colaboram ainda com os serviços de segurança.

Cerca de 140.000 estrangeiros, a maioria de centro-americanos, entram ilegalmente no México a cada ano, segundo as cifras oficiais. A Comissão Nacional de Direitos Humanos estima que anualmente uns 20.000 são sequestrados por grupos criminosos.

Várias organizações, como a Anistia Internacional, apoiam a caravana. Seus ativistas estarão presentes em alguns pontos da rota para acompanhar as atividades.

“Não é por acaso que o desaparecimento de migrantes continua sendo uma realidade no México. Quando os responsáveis pelos sequestros e outros abusos não prestam contas perante a Justiça, a impunidade se converte em garantia de que os abusos se repetirão. Não existe mensagem mais perigosa do que a da impunidade”, afirmou em comunicado Perseo Quiroz, diretor executivo de Anistia Internacional no México.

A organização faz um “enérgico chamado” às autoridades para que cumpram sua obrigação de tomar medidas efetivas para que os abusos contra migrantes sejam “adequadamente documentados, investigados e os responsáveis levados à Justiça, assim como para descobrir o paradeiro das pessoas desaparecidas e a identidade dos migrantes assassinados no México”.

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