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O auxiliar que contaminou 46 pacientes com hepatite C é condenado a 39 anos de prisão

O responsável chegou a um acordo para não cumprir o máximo de 98 anos de pena por infectar dezenas de pessoas em quatro Estados dos EUA

Eva Saiz
David Kwiatkowski, o auxiliar condenado por contaminar 46 pacientes com hepatite.
David Kwiatkowski, o auxiliar condenado por contaminar 46 pacientes com hepatite.AP

David Kwiatkowski, o auxiliar que contaminou com hepatite C 32 pacientes de vários estados dos EUA, foi condenado nesta segunda-feira a 39 anos de prisão por um tribunal de New Hampshire. Kwiatkowski, de 34 anos, se declarou culpado por ter injetado seringas contaminadas com seu sangue em centenas de pessoas desde 2002. A declaração foi feita como parte de um acordo com a promotoria, e, graças a isso, sua pena de 98 anos de prisão diminuiu para uma sentença entre 30 e 40 anos.

O auxiliar pediu perdão por seu comportamento durante a audiência onde foi dada a sua sentença. Kwiatkowski foi diagnosticado com hepatite C em 2010. Em 2002, começou a roubar analgésicos injetáveis para substituí-los, com uma injeção de solução salina misturada ao seu próprio sangue, que depois administrava em seus pacientes. Ele continuou fazendo isso mesmo depois de se detectar a hepatite. O técnico desenvolveu esta prática nos 18 hospitais onde foi contratado, embora tenha sido despedido de vários deles, acusado de roubo e consumo de drogas. Kwiatkowski foi detido em julho de 2012. Desde então, 46 pessoas foram diagnosticadas com a mesma variedade de hepatite do auxiliar.

A acusação solicitava pena máxima para o acusado alegando que ele provocava “uma crise sanitária a nível nacional”. Sua defesa pedia uma pena mínima de 30 anos, alegando que os problemas mentais sofridos pelo acusado e seu vício em álcool e em drogas tinham o impedido de ser completamente consciente de seus atos.

Trinta e duas das vítimas de Kwiatkowski foram infectadas em New Hampshire, sete em Maryland, seis no Kansas - um deles já faleceu - e um na Pensilvânia. O acusado também prestou serviços em centros médicos na Georgia, Nova York, Michigan e Arizona. O auxiliar reconheceu, durante as negociações para chegar ao acordo com a promotoria, que contaminou seringas em New Hampshire 50 vezes, e que o fez 30 vezes na Georgia e mais de 20 no Kansas.

O caso de Kwiatkowski tem evidenciado falhas no controle do sistema sanitário americano. Apesar de vários dos centros médicos onde ele trabalhou terem denunciado irregularidades em sua conduta, entre elas o roubo de analgésicos injetáveis, nunca se levou a uma investigação exaustiva de sua trajetória, nem fizeram constar esses atos em seu histórico trabalhista, permitindo a ele mudar de hospital com facilidade.

Nos EUA não existe nenhum banco de dados nacionais que recolha as faltas disciplinares dos técnicos de hospital, como Kawiarkowski, diferentemente da restrita regulamentação à que estão sujeitos os médicos. Em quatro dos Estados onde trabalhou o condenado, New Hampshire, Georgia, Pensilvânia e Michigan, sequer é requerida uma licença para o cumprir a função que ele desempenhava.

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