O Barça ganha tempo com Iniesta
O volante impulsiona a oscilante equipe azul-grená, que supera com folga (4X0) a série de desfalques e goleia um Granada competitivo no meio campo, e dominado nas áreas
O Barça solucionou, com grata comodidade para a sua torcida, uma partida de alto risco na Liga Espanhola. Não há lembrança de uma vitória com dois pênaltis apitados por Mateu Lahoz, como aconteceu no Camp Nou. As soluções menos suspeitas ocorrem diante de situações excepcionais como as de ontem contra o Granada. Nem o horário (quatro da tarde), nem o rival (só havia perdido fora de casa em Villareal) nem a escalação (até oito desfalques) propiciaram uma atuação solene do Barcelona. Não havia outra exigência no Camp Nou senão o triunfo à espera de viajar a Bilbao, e a vitória se deu com cadência e naturalidade, tal qual anunciava o retrospecto: 20 visitas e 20 derrotas do Granada.
Agora para o Barça se trata de ganhar tempo. Não é hora para nostalgia, nem para exigir a plenitude futebolística, e sim de resistência e defesa da liderança e da condição de invicto enquanto não regressarem jogadores que fazem a diferença, como Valdés e Messi – o começo e o fim do Barça. As coisas ficaram tão feias com as lesões musculares, e o passado ainda está tão vivo no clube, que a gent blaugrana se conforma em que não aconteça nada de ruim e que a vantagem na Liga ainda dure muitos dias. Dito isto, a partida contra o Granada não entrará para a história nem para o bem nem para o mal, mas sim a favor do inventário do Barça.
Muito desfigurado pelas contusões de Valdés e Messi, decisivos nas duas áreas, os palcos nos quais o time edificou sua invencibilidade, e diminuído também pela ausência de Xavi, o fio condutor da equipe, o Barcelona atacou o Granada com uma alegria e determinação incomuns, muito celebradas pela torcida juvenil do Camp Nou. Os azuis-grenás vivem hoje da bravura de Alexis, o último conquistador de Wembley; dos dribles de Neymar, símbolo do Brasil rumo à Copa de 2014; das arrancadas de Cesc, indetectável nas suas chegadas; da noção de posicionamento de Busquets, extensão do técnico; e do comando de Iniesta.
O volante colocou a braçadeira e atuou como capitão do Barcelona. Iniesta afastou Cesc e depois Neymar quando estes discutiam quem, na ausência de Messi, bateria o pênalti de Foulquier. O lateral chegou atrasado e entrou duro em Fàbregas, numa jogada aparentemente inócua, e o volante se dispunha a cobrar o tiro livre quando apareceu Neymar. O debate durou o tempo que Iniesta levou até se apresentar. Pegou a bola com avidez e a colocou junto à trave esquerda de Roberto. O gol premiou a movimentação barcelonista. O futebol era fluente, rápido e divertido, talvez carente de refinamento, precisão e contundência, mas bem governado pelo Barça.
No entanto, os meninos de Martino se destemperaram surpreendentemente. Neymar irritou tanto na posição de falso 9 que bem poderia ter sido expulso, sempre rebelde na troca de faltas, e Alexis não concluía nenhuma entrada na área, a paisagem ideal para Cesc, excelente na anarquia, mas perdido no jogo das posições. Muito superior quando tinha a posse de bola, o Barça também se beneficiou com o descontrole, porque Rico ligou com Iniesta depois de Piti arrematar no travessão – ele que mais tarde também exigiria uma boa defesa de Pinto. Os times trocaram de lado com 2-0, depois que Cesc concluiu a jogada iniciada por Iniesta.
Novamente oscilante, o Barcelona precisou apenas dos dois pênaltis para dominar o Granada, futebolisticamente competitivo e bem posicionado nas transições, e muito físico em uma partida em que as entradas duras, os cartões e as recriminações foram se acumulando, com queixas das duas equipes contra um árbitro que sempre se caracterizou precisamente por favorecer o contato e não interromper o futebol. Neymar não chegava a encontrar o seu lugar, os laterais não colaboravam, e só Alexis pressionava. Nem assim o Granada conseguiu contestar a vitória do Barcelona. Os dois pênaltis e a expulsão de Iturra puseram em xeque a boa proposta de Alcaraz.
O Barça se acostumou tanto a jogar no contra-ataque que às vezes lembra o Real Madrid anterior à chegada de Ancelotti. Apesar de ceder a iniciativa ao Granada, os azuis-grenás chegaram com frequência à meta de Roberto. Alexis aproveitou uma assistência de Neymar para fazer 3-0 depois de Pinto vencer um mano-a-mano com Nyom, e de Pedro e Neymar não acertarem a finalização diante do goleiro do Granada. A bola ia e vinha, e os barcelonistas contaram com um quarto tento materializado por Pedro depois de uma boa jogada de Sergio Roberto. O confronto ficou tão fácil que Martino pôde fazer um rodízio e promover a entrada do estreante Aldama.
O Barça interpretou bem o futebol a cada momento, superior no jogo estático, nas transições e de novo nas áreas, e garantiu a vitória sem sentir falta de ninguém, nem de Messi nem de Valdés, substituído pelo eficaz Pinto, muito bem protegido por Bartra. O técnico ganha jogadores em época de sobrevivência para o líder. Ontem houve bons momentos de vários, sobretudo do intermitente Iniesta, expressão do que o Barça foi e também do que pode ser.
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Barcelona, 4; Granada, 0
Barcelona: Pinto; Montoya, Piqué, Bartra, Adriano; Cesc Fàbregas, Busquets (Song, m. 74), Iniesta; Pedro, Neymar (Adama, m. 83) e Alexis (Sergi Roberto, m. 74). Não utilizados: Oier, Puyol, Mascherano e Dongou.
Granada: Roberto; Nyom, Diakhaté, Murillo, Foulquier; Recio, Iturra, Fran Rico; Piti (Ighalo, m. 77), El Arabi (Riki, m. 73) e Brahimi (Buonanotte, m. 77). Não utilizados: Karnezis, Yebda, Angulo e Coeff.
Gols: 1-0. M. 20. Iniesta, de pênalti. 2-0. M. 40. Cesc, de pênalti. 3-0. M. 71. Alexis. 4-0. M. 89. Pedro.
Árbitro: Mateu Lahoz. Expulsou Iturra (m. 66) por dupla advertência. Mostrou cartão amarelo a Diakhaté, El Arabi, Neymar e Busquets.
71.518 espectadores no Camp Nou.
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