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Uma líder discreta

A ganhadora das eleições chilenas, Michelle Bachelet, só confia em um estreito círculo de colaboradores

Uma eleitora de Bachelet na fase final da campanha.
Uma eleitora de Bachelet na fase final da campanha.F. TRUEBA (EFE)

Michelle Bachelet, pediatra, de 62 anos, volta ao palácio de La Moneda quatro anos depois. Separada, agnóstica, militante socialista desde os 19 anos e mãe de três filhos, defende o modelo nórdico de economia de mercado com proteção social.

Apelidada de "A Chefa", por seus colaboradores mais próximos, os dirigentes dos partidos de centro-esquerda queixam-se em particular de que poucos têm acesso a ela. A presidenta eleita tem ligações com diferentes setores, que sabem que as conversas não podem ser vazadas. Em 2006, pouco depois de ser eleita pela primeira vez, utilizou uma frase que ilustra a importância que concede ao privado: o que se move, não sai na foto. O hermetismo cresceu à medida que fazia-o seu poder eleitoral durante a campanha e convertia-se no único passaporte de uma coalizão desgastada para voltar ao Governo.

Defende o modelo nórdico de economia de mercado com proteção social

Bachelet apostou em projetar uma imagem de líder internacional como ex-diretora da ONU Mulheres. Entre setembro de 2010 e março de 2013, quando regressou para voltar a se candidatar à presidência, foi viver em Nova York e guardou silêncio sobre a conjuntura nacional. Nesses dois anos, onde inclusive suas visitas ao Chile se mantinham em segredo, a socialista se convenceu de que o mal-estar e os protestos de 2011 mostravam o fechamento definitivo de um ciclo político, o que costuma repetir em sua campanha. Entre 1990 e 2010, os Governos de centro-esquerda centraram-se na superação da pobreza e agora, concluiu Bachelet, resultava indispensável se centrar em combater as desigualdades.

A pediatra socialista convenceu-se de que o novo cenário social e a crise de representatividade da política implicava que qualquer agenda de campanha e de Governo devia ter feito cargo das reformas estruturais que nem ela nem seus antecessores realizaram nos primeiros vinte anos de democracia. Em seu círculo assinalam que o programa de Governo que Bachelet apresentou há menos de um mês está inspirado nos modelos de desenvolvimento dos países nórdicos, que a ex-presidenta conheceu de perto nas Nações Unidas: economias de mercado com proteção social e Estados fortes.

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