Revista já havia sido atacada em 2011
O semanário satírico ‘Charlie Hebdo’ dedicava um número à Tunísia e à Líbia
Em 3 de novembro de 2011, a sede do semanário satírico Charlie Hebdo - onde terroristas mataram ao menos 12 pessoas nesta quarta-feira - ficou bastante destruída por um ataque com um coquetel molotov, que provocou um incêndio e deixou as instalações inutilizadas. O ataque foi considerado uma retaliação a uma edição rebatizada como Sharia Hebdo, e dedicada ao avanço islâmico na Tunísia e na Líbia. Na capa aparece um desenho do profeta Maomé, nomeado como “redator-chefe” do número. O então primeiro-ministro, François Fillon, expressou sua “indignação” pelo atentado, que foi condenado pelo conjunto da classe política e dos meios de comunicação franceses. A capa, que já tinha provocado certa agitação nas redes sociais quando foi lançada, retrata o profeta, sorridente, prometendo “100 chibatadas àqueles que não morrerem de rir”. O número tinha como objetivo “comemorar a vitória” do partido islâmico Ennahda na Tunísia e o anúncio por parte do Conselho Nacional de Transição líbio que a sharia seria a principal fonte da nova Constituição do país. Os 75.000 exemplares distribuídos se esgotaram em poucas horas. Algumas bancas, no entanto, tinham se negado a distribuir a revista por meio de represálias.
“No Twitter, no Facebook, recebemos muitas cartas de protesto, de ameaças e de insultos”, explicou o diretor da publicação, o desenhista Stéphane Charbonnier, Charb, para quem não há dúvida de que o ataque foi obra do fundamentalismo muçulmano. Além do ataque, que destruiu o equipamento informático do semanário, o site da revista foi temporariamente pirateado e redirecionava para umas imagens de Meca com a inscrição em inglês: “No god but Allah” (Nenhum outro Deus além de Alá).
A revista, do mesmo estilo de El Jueves, já tinha recebido ameaças parecidas em 2006, quando reproduziu as caricaturas de Maomé publicadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten, em defesa da liberdade de expressão, acompanhadas por retratos de vários de seus desenhistas. No ano seguinte, a publicação foi aos tribunais, processada por várias organizações islâmicas, e foi absolvida ao considerarem que as caricaturas não atacavam o Islã, mas os fundamentalistas.
Ataque anterior incendiou parte da redação e danificou equipamentos
A classe política e os meios de comunicação da França foram unânimes em condenar o ataque e defender o direito à liberdade de expressão, alguns meios abriram suas redações aos jornalistas de Charlie Hebdo para que possam continuar trabalhando. Eles se instalaram no meio-dia da terça-feira na sede do jornal Libération. “Não importa o que acontecer, conseguiremos fazer a edição da próxima semana”, afirmou Charb.
O Conselho Nacional do Culto Muçulmano se somou às condenações, lembrando, no entanto, que fazer uma caricatura do profeta “é considerado uma ofensa pelos muçulmanos”.
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