Casa Branca diz ser vítima de notícias falsas e jornalista protesta: “Que absurdo!”
Colaborador da ‘Playboy’ enfrenta porta-voz de Trump em conferência de imprensa
Um famoso jornalista de um pequeno jornal de Washington enfrentou, na terça-feira, uma porta-voz da Casa Branca que, durante uma conferência de imprensa, estava criticando os meios de comunicação, especialmente a CNN, pelo “constante bombardeio de notícias falsas” contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Que absurdo!”, disse Brian Karem, editor do The Sentinel Newspapers e colaborador da revista Playboy, interrompendo Sarah Huckabee Sanders, vice-porta-voz da Casa Branca, que estava generalizando a existência de “notícias falsas” contra Trump. “O que você faz é inflamar as pessoas com essas palavras. Este governo também o fez (...) Estamos aqui para fazer perguntas e você para respondê-las, e o que faz é inflamar as pessoas”, insistiu o jornalista.
Karem é credenciado na Casa Branca representando um pequeno jornal, mas também um repórter veterano do programa de televisão America’s Most Wanted, esteve no Kuwait durante a primeira Guerra do Golfo e faz contribuições frequentes para as revistas Playboy e People. Foi até preso para proteger a identidade de uma fonte. E, na terça-feira, se empenhou muito na defesa do jornalismo, sem muito apoio.
O incidente ocorreu enquanto Sanders atacava a CNN, que havia demitido horas antes três jornalistas devido à publicação de uma notícia com uma única fonte anônima sobre a questão da Rússia. Um fato que o presidente aproveitou para voltar a atacar a mídia tradicional. A vice-porta-voz estava difundindo, como seu chefe, a ideia de que todas os meios de comunicação (exceto a Fox News) divulgam informações falsas para desestabilizar Trump.
“Acredito que o bombardeio constante de notícias falsas contra o presidente tem causado muita frustração (...) Acredito que seja uma vergonha para todo o jornalismo, para todos os meios de comunicação (...), porque, se não for possível confiar nas notícias da mídia, isso é perigoso para a América (...) E isso está acontecendo todos os dias”, dizia Sanders, sem que ninguém a interrompesse, quando escutou ao fundo a voz de Karem que, sem pedir a palavra, disse:
“Que absurdo! Estão inflamando todos com essas palavras. Esta administração também fez o mesmo (...) Qualquer um de nós [os jornalistas] somos substituíveis e, se não o fizermos bem, o público tem a oportunidade de mudar de canal ou de não nos ler. Mas você foi escolhida para servir pelo menos durante quatro anos”, começou o jornalista perante o olhar atônito da vice-porta-voz: “Não há outra opção além desta: estamos aqui para fazer perguntas e você para nos dar respostas, mas tudo o que tem feito é incitar as pessoas em todo o país para que digam: 'Olha, mais uma vez o presidente tem razão e todos os outros meios de comunicação são mentirosos'. E nós, que estamos aqui, só estamos tentando fazer nosso trabalho”, disse.
Obviamente, Sanders respondeu visivelmente irritada: “Discordo completamente. Primeiro, se alguma coisa incitou alguém foi a desonestidade que, muitas vezes, os meios de comunicação oferecem, e é escandaloso que me acuse de inflamar as pessoas quando estava apenas tentando responder a uma pergunta”. O repórter então tenta replicar, mas a porta-voz não lhe dá a palavra. No momento da discussão, nenhum jornalista apoiou Karem. Em seguida, Sanders deu a palavra à Fox News.
O incidente ocorreu no mesmo dia em que a revista Time pediu à Trump Organization para que retirasse exemplares com capas falsas nas quais aparece o presidente Trump, e que foram encontradas pregadas nas paredes de vários de seus clubes, informou nesta quarta-feira o The Washington Post. Segundo o jornal, foi um dos repórteres da revista que encontrou exemplares da Time com capas falsas em pelo menos cinco clubes da Trump Organization, de propriedade do presidente, tanto nos EUA quanto no exterior. Todas são falsas e lisonjeiras em relação ao presidente.
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