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Leopoldo López grita na prisão: “Estão me torturando, denunciem!”

Lilian Tintori divulga vídeo com gritos que afirma serem de seu marido, principal opositor de Maduro

Vídeo: TWITTER @LEOPOLDOLOPEZ
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Aos gritos, e de sua cela, Leopoldo López, preso do regime de Nicolás Maduro, afirma que está sendo torturado. “Estão me torturando! Denunciem!”, diz o político preso a sua esposa, Lilian Tintori.

A denúncia foi divulgada nesta sexta-feira em um vídeo postado no Twitter de Tintori. Juan Carlos Gutiérrez, advogado do líder político, afirma que as autoridades da prisão militar de Ramo Verde (Los Teques, Estado de Miranda) proíbem a família de López de visitá-lo há 20 dias. “Leopoldo é um homem que dificilmente se queixa, mas essa denúncia que fez esta tarde nos inquieta. Nenhum funcionário quis responder depois disso, apesar de termos pedido explicações. Estão violando todos os seus direitos. Eu, que sou seu advogado, não posso vê-lo desde 6 de abril”, afirmou ao EL PAÍS.

López, dirigente do partido Vontade Popular (VP) e ex-prefeito do município de Chacao, cumpre pena de 13 anos e 9 meses de prisão por supostamente ter instigado a violência durante os protestos ocorridos em 2014, nos quais morreram 43 pessoas, centenas ficaram feridas e muitas foram presas. Diversas organizações internacionais, figuras políticas e especialistas em direitos humanos pediram a imediata libertação do opositor por considerar ilegais os procedimentos na ação judicial.

Sua família denunciou ser vítima de humilhações e outras arbitrariedades nos últimos meses. Em maio, Tintori foi ao Hospital Militar de Caracas depois de uma informação falsa divulgada no Twitter por um jornalista venezuelano que afirmava que López tinha morrido e que seu corpo havia sido levado para aquele centro de saúde. Estava isolado por ordem dos responsáveis pela prisão, o que provocou maior incerteza.

Uma vez desmentido esse rumor pelo próprio Governo, as autoridades de Ramo Verde permitiram à família visitar López. Depois do nebuloso episódio, o preso político gravou vários vídeos, divulgados nas redes sociais, nos quais pedia que continuassem as manifestações contrárias a Maduro. “Depois disso o Governo se enfureceu. Soubemos que muitos manifestantes presos em Ramo Verde denunciavam torturas, que, supostamente, ocorriam em retaliação às declarações de Leopoldo”, disse Gutiérrez.

Tintori não fez declarações à imprensa após ouvir seu marido denunciar que é torturado. “Lilian não está em condições de se comunicar… Isso põe a Venezuela num estado de grande preocupação, mas não nos tirará do caminho que as ruas vão atingir: a liberdade”, afirmou Freddy Guevara, dirigente do VP e deputado da Assembleia Nacional, durante entrevista coletiva.

O parlamentar responsabilizou Maduro, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e os responsáveis pela prisão de Ramo Verde pelo estado físico do preso político. “Se vocês querem que Leopoldo López deixe de ser uma pedra no caminho e que deixemos as ruas, o caminho é o oposto… Deixem que o povo escolha”, declarou Guevara, que também exigiu prova de vida do opositor.

Novos presos

Com a nova onda de protestos, iniciada em abril, houve novas prisões e perseguição aos opositores do Governo da Venezuela. Na noite de quinta-feira dois assessores da coalizão Unidade Democrática, Arístides Moreno e Roberto Picón, foram presos por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) numa casa em Caracas. María Corina Machado, dirigente do partido Venha Venezuela, denunciou que esses militantes da oposição foram levados sem uma ordem judicial nem testemunhas.

É um padrão comum por estes dias. O Fórum Penal Venezuelano, uma organização especializada em direitos humanos, contabiliza mais de 3.280 prisões arbitrárias durante estes três meses de protestos. Muitos dos cidadãos detidos foram julgados por tribunais militares, procedimento considerado irregular pelos advogados dessa ONG.

Os advogados de López e uma comissão da Promotoria pretendem ir neste sábado à prisão de Ramo Verde para verificar a condição física do preso político. “Se não nos deixarem vê-lo, ficará comprovado que está sofrendo tratamento cruel”, acrescentou Gutiérrez.

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