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Trump irá enviar juízes a cidades-chave para acelerar deportações

Presidente dos Estados Unidos mobiliza maquina administrativa para colocar em andamento uma de suas prioridades

Pablo de Llano Neira
Trump, seu filho Barron e sua esposa, Melania.
Trump, seu filho Barron e sua esposa, Melania.AFP

Donald Trump quer resultados. Números sobre imigrantes ilegais expulsos dos Estados Unidos dos quais possa se ufanar como metas cumpridas. A deportação de estrangeiros irregulares foi uma de suas bandeiras eleitorais e é agora uma de suas prioridades imediatas. Em fevereiro delineou as diretrizes de seu plano de deportações em massa, e o aparato está trabalhando em ritmo acelerado para executá-las. Nesta sexta-feira se soube graças à agência Reuters que o Departamento de Justiça prepara a mobilização de juízes de imigração em 12 cidades com maior potencial de deportações.

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Uma porta-voz da Justiça confirmou que foram identificadas as cidades para as quais deverão ser enviados mais juízes, entre elas Nova York, Los Angeles, San Francisco, Miami, El Paso e Phoenix. O número de juízes a deslocar e a data de mobilização não foram definidos ainda. De acordo com dados da Justiça, há em curso conjuntamente nessas cidades cerca de 9.000 processos judiciais contra imigrantes sem documentos. Todos podem ser deportados imediatamente, cumprindo as ordens do presidente de priorizar a expulsão dos ilegais que tenham cometido crimes ou estejam sendo processados, independentemente de ter ou não sido sentenciados. A ida de juízes de alguns lugares para outros pode reduzir recursos em pontos do país já abarrotados de casos a resolver e perturbar ainda mais um sistema judicial que ultrapassa meio milhão de casos pendentes. Mas o presidente luta suas próprias batalhas.

Nesta sexta-feira Trump voltou a disparar contra os imigrantes, afirmando durante uma entrevista coletiva: “A imigração é um privilégio, não um direito”.

Na campanha o presidente usou a imigração como um de seus bichos-papões favoritos para aglutinar as emoções nacionalistas e xenófobas em torno de sua candidatura, sem hesitar em generalizar suas caracterizações dos mexicanos como narcotraficantes e criminosos e anunciando uma medida que agora é decreto executivo e outro de seus desejos: erguer um muro na fronteira sul.

Sua obsessão pela expulsão de imigrantes se materializou em diretrizes extremas que na prática tornam objeto de deportação os 11 milhões de não documentados dos EUA, com prioridade para os ligados a crimes. “Todos aqueles que violem as leis de imigração (estrangeiros ilegais) poderão ser deportados”, estipulam documentos do Departamento de Segurança Nacional, a cargo do general John Kelly, braço deportador de Trump.

A diretriz exclui os chamados dreamers, menores escolarizados que chegaram aos EUA sem documentos, desde que não tenham cometido um delito, e os refugiados e estrangeiros que demonstrem que suas vidas estariam em perigo caso fossem enviados de volta a seus países de origem.

As ordens de Trump elevaram para dois anos de permanência nos EUA o período de validade para expulsar imediatamente um ilegal (contra os 14 dias estabelecidos pela administração de Barack Obama) e estenderam essa medida a qualquer ponto do território, ao passo que até então apenas se iniciava a expulsão imediata dos detidos a menos de 160 quilômetros da fronteira. Além disso, serão contratados 10.000 novos agentes de imigração e 5.000 de fronteiras, e o presidente ameaça punir as cidades que não colaborarem com a detenção de estrangeiros ilegais.

A realocação de juízes para regiões quentes de imigração será uma das peças necessárias para montar a máquina de deportação expressa.

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