O Podemos se entrincheira
A vitória de Iglesias obriga o PSOE a trabalhar como única alternativa
A vitória de Pablo Iglesias no congresso do Podemos, encerrado neste sábado em Madri, confirma que o partido identificado pela cor roxa continuará o caminho ideológico e estratégico seguido até agora. Sua continuidade, somada à amplitude dos apoios recebidos por suas propostas programáticas, aponta para o Podemos mais relutante à participação na vida institucional e parlamentar que tivemos até agora.
Triunfa portanto o Podemos mais radical e contestador, que se concebe a si mesmo como um movimento populista que, apoiando-se na força da mobilização social e das ruas, aspira a desafiar a ordem estabelecida. E sai derrotado o Podemos que muitos eleitores contemplaram como uma nova formação que aspirava captar os votantes de outros partidos, fundamentalmente socialistas, mas também abstencionistas que, devido ao auge da desigualdade e aos escândalos de corrupção, tinham deixado de se sentir bem representados pelas forças políticas existentes.
Essa derrota também é – e sem paliativos – do atual número dois e porta-voz parlamentar, Íñigo Errejón, que tentou, sem sucesso, convencer os candidatos da necessidade de moderar as colocações do partido e inseri-lo com eficácia nas instituições para assim ganhar credibilidade como força do governo e ampliar a base de apoio eleitoral nos próximos pleitos. O fato de os maus resultados eleitorais atingidos pelo Podemos em junho de 2016, quando a recusa a compor com o PSOE e a aliança com Izquierda Unida o levaram a perder mais de um milhão de votos, demonstrarem que as teses do bloco liderado por Errejón tinham mais percurso político e eleitoral não faz senão retomar o conhecido paradoxo que os militantes dos partidos, mais ideologizados, raramente costumem concordar em suas preferências com os eleitores dos mesmos partidos, mais pragmáticos.
Mas se alguma coisa é evidente no referendo estratégico conquistado neste sábado por Iglesias é que o PSOE não poderá contar com o Podemos para governar, sequer como apoio parlamentar. Os socialistas ficam assim posicionados como único partido de centro-esquerda com possibilidades de governar. Uma solidão que indubitavelmente os obriga tanto a reunir uma liderança unificadora do ponto de vista interno como apela a amplas camadas da população para colocar em andamento um programa de governo crível e de futuro, que recupere os votos perdidos tanto para o Podemos como para a abstenção.
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